México extradita o traficante El Chapo para os EUA no último dia do governo Obama
O narcotraficante Joaquín "El Chapo" Guzmán foi extraditado para os Estados Unidos na noite desta quinta-feira (19), nas últimas horas do governo de Barack Obama.
O governo mexicano decidiu extraditar Guzmán para os Estados Unidos em maio de 2016 a pedido de um tribunal do Texas, na sequência da fuga espetacular, em 11 de julho de 2015, de uma prisão de segurança máxima no México. O líder do cartel de Sinaloa foi recapturado no início de janeiro no Estado de Sinaloa.
"O governo da República entregou no dia de hoje o senhor Guzmán Loera às autoridades dos Estados Unidos", assinalou a chancelaria em um comunicado. Guzmán, um dos traficantes mais procurados do mundo, estava na prisão federal de Ciudad Juárez, vizinha à americana "El Paso", no Texas.
Essa extradição ocorre no último dia da presidência de Barack Obama e a poucas horas da posse do magnata Donald Trump, que atuará com fortes medidas políticas e econômicas contra o México.
"Não queriam que Trump pudessem se gabar, assim conseguiram entregá-lo nos últimos minutos de Obama", disse à AFP o especialista em segurança e ex-agente da Inteligência americana Alejandro Hope.
"A data (da extradição) é muito simbólica. É um ato do governo do México para que Barack Obama e Donald Trump vejam que o México está fazendo verdadeiros esforços para combater o narcotráfico", disse o especialista em assuntos de Segurança Raúl Benítez Manaut, da Universidade Nacional Autônoma do México.
Guzmán era considerado um dos principais líderes de cartéis de tráfico de droga do mundo, traficando bilhões de dólares em substâncias ilícitas para os Estados Unidos. Ele fugiu duas vezes de prisões mexicanas de segurança máxima, em 2001 e 2015. Na segunda fuga, ele usou um túnel de 1,5 km que ligava o banheiro de sua cela até o outro lado dos muros do presídio.
A extradição foi efetivada depois que o Quinto Tribunal Colegiado em Matéria Penal na Cidade do México negou o recurso apresentado pelo traficante para evitar sua transferência aos EUA. O tribunal considerou que a extradição concedida pela chancelaria cumpriu com "as normas constitucionais, os requisitos estabelecidos no tratado bilateral e demais disposições legais vigentes para sua emissão e que não foram vulnerados seus direitos humanos nem os procedimentos instaurados".
O traficante responderá em um tribunal do Texas a acusações de associação delitiva, contra a saúde, delinquência organizada, posse de armas, homicídio e lavagem de dinheiro. Em outra corte da Califórnia, Guzmán é acusado de associação para importar cocaína com a intenção de distribuir.
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