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À espera do Irma, empresário desabafa e relato comparando RJ a Miami viraliza

NICHOLAS KAMM / AFP
Imagem: NICHOLAS KAMM / AFP

Colaboração para o UOL

11/09/2017 14h34

Tem gente que prefere enfrentar um furacão a encarar o Brasil em tempos de crise. Esse é o caso literal do empresário Carlos Andre Montenegro, que, enquanto se preparava para enfrentar o furação Irma - que matou ao menos três pessoas na Flórida -, escreveu um desabafo sobre o Brasil na rede social Linkedin.

O texto, que comparava o Rio de Janeiro a Miami em momentos de caos, viralizou em outras redes, como o Facebook - em uma página, teve mais de 60 mil compartilhamentos.

Montenegro se mudou do Rio de Janeiro para Miami há dois anos. Levou mulher e os dois filhos “em busca de algo melhor para nossas vidas”. Fundou a 7pets, uma loja de acessórios para animais de estimação.

Relato - Reprodução - Reprodução
O relato repercutiu nas redes sociais e foi compartilhado por dezenas de milhares de pessoas
Imagem: Reprodução

Em seu relato, ele menciona a “ironia” de receber seu Green Card exatamente no dia em que também recebeu a notícia de que o Irma, “o pai de todos os furacões”, estava a caminho.

“Como em um piscar de olhos, milhões, literalmente milhões de pessoas, abandonaram suas casas e já estavam nas estradas, subindo ao Norte”, diz. “Eu era mais um na multidão, no meio de um enorme congestionamento, e isso me fez lembrar das minhas voltas dos feriados de Búzios, na Região dos Lagos.”

Para o empresário existe apenas uma “única diferença” entre o Rio e Miami, exemplificada assim: "aqui na Florida, mesmo em uma situação absolutamente adversa, as pessoas não trafegam pelo acostamento para tirar vantagem e chegar mais rápido ao destino.”

Ele conta que mesmo em meio ao caos, todos respeitam as leis de trânsito, mesmo em situações caóticas, emergenciais. “Motociclistas loucos também não existem por aqui. É proibido trafegar entre as faixas. Acho que eles nem sabem o que significa isso.”

Quando o empresário finalmente encontrou um lugar seguro, a primeira coisa que fez foi ligar a TV. Lá estava o governador falando ao vivo. “A mensagem que mais me tocou foi: ‘se você não tem como sair de casa, seja por qual motivo for, ligue para o número que você vê no rodapé da imagem, que iremos agora na sua casa te salvar. Ainda temos tempo!’. Isso me arrepiou! Pensei: esse cara é o meu herói!”

Montenegro lembrou-se imediatamente das enchentes de Teresópolis, onde tem casa. “Anos após aquela triste tragédia de 2011, descobriu-se que a quadrilha de Cabral desviou parte do dinheiro que deveria ser utilizado nos resgates das vítimas e reconstrução da cidade. Até o prefeito foi preso. Confesso que tive vontade de vomitar ao comparar!”

O oposto nos Estados Unidos, onde, agora, as companhias aéreas americanas colocaram voos extras com preço fixo de 98 dólares para ajudar a escoar a população. A Expedia, site de reservas de hotéis, ofereceu tarifas com descontos em lugares seguros. O mesmo fez o Airbnb, site de reservas de casas e apartamentos. “Os hotéis, por sua vez, passaram a aceitar mais hóspedes por quarto e também animais de estimação.”

As operadoras de telefonia autorizaram internet grátis até onde existir cobertura. “Até o hotel em que estou acaba de informar que todo o conteúdo de filmes e desenhos, que normalmente é cobrado, será grátis nas próximas 72 horas.”

Ele lembra que o Google se voluntários se unindo ao governo para localizar e colocar em tempo real nos seus mapas (Google Maps e Waze) as ruas fechadas, bloqueadas e danificadas após a passagem do Irma.

“São muitos os exemplos, que realmente emocionam. Na maioria das vezes coisas simples, mas que trazem o mínimo de conforto nesse momento e esperança de um futuro melhor. Como diz o famoso ditado: depois da tempestade, sempre vem a calmaria.”

O UOL fez contato com o empresário, que preferiu não dar entrevista, dizendo que o texto "resume o que o povo brasileiro sente".