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Em seu 1º discurso na ONU, Trump ameaça "destruir completamente a Coreia do Norte"

Entenda o programa de mísseis norte-coreano

UOL Notícias

Do UOL, em São Paulo

19/09/2017 11h31Atualizada em 21/09/2017 11h59

Em seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU, o presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu a sua ideia de "América em primeiro lugar", classificou o governo da Coreia do Norte como "depravado" e afirmou que, se for ameaçado, não terá outra escolha a não ser "destruir completamente a Coreia do Norte".

O presidente norte-americano defendeu que os países-membros da ONU enfrentem juntos os países hostis. "Se os justos não enfrentarem os perversos, então o mal triunfará", diz.

Trump agradeceu Rússia e China por votarem a favor das sanções contra a Coreia do Norte, mas não deixou de cutucar os dois países ao afirmar que todos devem "rejeitar as ameaças contra a soberania desde a Ucrânia até o mar do Sul da China".

Segundo a agência Reuters, o embaixador da Coreia do Norte, Ja Song Nam, deixou o recinto minutos antes de Trump começar a falar. 

Embaixador da Coreia do Norte - Shannon Stapleton/Reuters - Shannon Stapleton/Reuters
O embaixador da Coreia do Norte Ja Song Nam deixa a Assembleia Geral da ONU antes da chegada do presidente dos EUA, Donald Trump
Imagem: Shannon Stapleton/Reuters

Homem do foguete

Mais uma vez, Trump referiu-se ao ditador norte-coreano como o "homem do foguete" (Rocket Man), afirmando que Kim Jong-un está em uma "missão suicida para ele e seu regime". 

"Regimes párias representados neste corpo, não só apoiam o terror como também ameaçam outras nações e seu próprio povo com as mais destrutivas armas conhecidas pela humanidade", afirmou Trump, em clara referência à Coreia do Norte.

Trump - Timothy Clary/AFP - Timothy Clary/AFP
O presidente dos EUA, Donald Trump, fala durante a 72ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York
Imagem: Timothy Clary/AFP

Trump afirmou que países de culturas e valores diferentes devem ser capazes de conviver como nações soberanas, mas também criticou duramente o Irã, que chamou de uma "ditadura corrupta que exporta violência, sangue e caos". 

Ele pediu que Teerã deixe de "apoiar grupos terroristas" e disse que os EUA podem desistir do acordo feito com o Irã durante o governo Obama caso o país continue desenvolvendo um programa nuclear.

'America First'

Em seu discurso, que durou cerca de 40 minutos, Trump reafirmou sua política de colocar os Estados Unidos em primeiro lugar --"America First"-- e defendeu que todos os líderes do mundo pensem também nos interesses de seus próprios países. Embora tenha dito que é importante manter a cooperação internacional.

"Como presidente, sempre colocarei os Estados Unidos primeiro, assim como os senhores, como líderes de seus países, deveriam sempre pôr seus próprios países primeiro", disse. "O sucesso da ONU depende de uma coalizão de nações fortes e independentes que abracem sua soberania para promover segurança, prosperidade e paz, para cada um de nós e para o mundo".

No discurso, o presidente norte-americano prometeu um país ainda mais forte militarmente. Um dia após o Senado dos Estados Unidos aprovar um orçamento de US$ 700 bilhões para gastos com defesa, um substancial aumento em relação a 2017 e quase 5% a mais do que o solicitado pelo presidente.

Ideologia fracassada

Trump voltou a dizer que os EUA estão preparados para tomar "ações adicionais" se o governo venezuelano continuar a impor um governo autoritário contra seu povo. "O povo venezuelano está morrendo de fome e o país está em colapso. É uma situação completamente inaceitável.

O presidente norte-americano criticou o socialismo e classificou como ideologia fracassada. "O problema na Venezuela não é que o socialismo foi implementado de forma deficiente, e sim que ele foi fielmente implementado. Da União Soviética, passando por Cuba e Venezuela, em todos os países onde o socialismo foi realmente implementado ele entregou angústia, devastação e fracasso."

Trump pediu que a ONU "faça mais" para lidar com a crise política e econômica no país e afirmou que, além das sanções já impostas, os EUA "estão preparados para fazer mais".

A terceira "nação errática" mencionada pelo presidente foi a Síria e o "regime criminoso de Bashar al-Assad" - que ele acusou de usar armas químicas contra a população.

Ao falar dos conflitos no Oriente Médio e no norte da África, Trump disse que os EUA gastam milhões para "apoiar a volta dos refugiados para seus países de origem".

"Pelo custo de assentar um refugiado nos Estados Unidos, assentamos dez em suas nações ou em locais próximos. A migração descontrolada é ruim para os países que enviam e também para os que recebem", afirmou.

Guterres pede negociação para evitar guerra

Na abertura, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, fez um apelo por um processo político entre os governantes dos países para evitar um guerra contra a Coreia do Norte.

"Essa é a hora para estadismo", disse o ex-primeiro-ministro de Portugal. "Nós não podemos caminhar passivamente para uma guerra".

O Conselho de Segurança da ONU impôs por unanimidade nove rodadas de sanções contra Pyongyang desde 2006, e Guterres fez um apelo para que os 15 membros do órgão mantenham sua unidade no tratamento da Coreia do Norte. (Com agências internacionais)