Número de mortos nos atentados na Somália sobe para 276
Neste domingo (15), o governo da Somália atualizou para 276 o número oficial de mortos nos ataques terroristas que aconteceram em Mogadício, capital do país, neste sábado (14).
Uma explosão com caminhão-bomba ocorreu em uma rua bastante movimentada da metrópole, que tem cerca de 2,4 milhões de habitantes. Pelo menos 300 pessoas ficaram feridas, de acordo com informações locais.
O número de vítimas fatais deve aumentar e pode não ser exato. Segundo os responsáveis pelo resgate dos corpos, seria difícil estabelecer uma quantidade definitiva de mortes porque, com o calor intenso gerado pela explosão, alguns restos mortais podem nunca ser encontrados.
Um repórter somali da BBC, que estava perto da cena da maior explosão, disse que o Hotel Safari foi abaixo, com as pessoas presas sob os escombros.
Uma testemunha ocular do ataque, o morador local Muhidin Ali, disse à agência de notícias AFP que o incidente foi "a maior explosão que já presenciei, destruindo toda a área".
Enquanto isso, o diretor do Hospital Madina, Mohamed Yusuf Hassan, disse que ficou chocado com a escala do ataque.
"Setenta e dois feridos foram internados no hospital e 25 deles estão em condições muito graves. Outros perderam as mãos e as pernas na cena. O que aconteceu ontem foi impressionante, eu nunca algo assim antes. Inúmeras pessoas perderam suas vidas".
A ação terrorista está sendo considerada um dos ataques mais letais de todo o mundo há muitos anos. De acordo com a imprensa somali, a maioria dos mortos era civil, principalmente vendedores ambulantes.
Pelo menos cinco voluntários da organização humanitária do Crescente Vermelho da Somália morreram no atentado, segundo a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICR).
"Os voluntários humanitários devem ser protegidos e não devem ser alvos de ataques", enfatizou a entidade, que informou que muitos colaboradores estão internados ou desaparecidos.
Suspeita cai sobre Al Shabab
O governo chamou o episódio de "desastre nacional", mas a mídia local e analistas considerem certo que o Al Shabab esteja por trás do atentado. O grupo jihadista, que em 2012 se filiou à rede internacional da Al Qaeda, ainda não reivindicou a autoria do ocorrido. Ele controla parte do território no centro e no sul do país e tenta instaurar um Estado islâmico wahabista na Somália.
"Eles não se importam com as vidas do povo somali, de mães, pais e crianças", disse o primeiro-ministro Hassan Ali Khaire. "Eles atacaram a área mais populosa de Mogadício, matando apenas civis". O presidente da Somália, Mohamed Abdullahi Farmaajo, declarou três dias de luto nacional e pediu à população que doasse sangue para o tratamento dos feridos.
O país vive em estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohamed Siad Barre foi derrubado. Desde então, o país ficou sem um governo efetivo e em mãos de milícias radicais islâmicas, senhores da guerra que respondem aos interesses de um clã determinado e grupos armados.
Comunidade internacional condena ataque
Em nota, a missão dos EUA na Somália afirmou: "Tais ataques covardes revigoram o compromisso dos Estados Unidos na ajuda a nossos parceiros da Somália e da União Africana no combate ao flagelo do terrorismo".
O secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Boris Johnson, manifestou solidariedade às famílias das vítimas e ao povo somali. "Os responsáveis não mostraram respeito pela vida humana ou pelo sofrimento do povo somali. O Reino Unido continuará a apoiar a Somália na luta contra o terrorismo".
Com agências internacionais
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