Governo espanhol busca acordo para realizar eleições regionais na Catalunha
O governo da Espanha e o Partido Socialista (PSOE, maior grupo da oposição) firmaram um acordo para realizar eleições regionais na Catalunha para o próximo mês de janeiro, como parte do pacote de medidas extraordinárias para impor temporariamente o controle direto sobre a região, afirmou a política socialista Carmen Calvo em entrevista à televisão estatal, nesta sexta-feira (20).
Carmen, especialista em Direito Constitucional, lidera a delegação do PSOE que negocia com o Executivo as medidas concretas que serão aprovadas amanhã pelo Conselho de Ministros para aplicar o artigo 155 da Constituição espanhola na Catalunha. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, realizará uma reunião especial de gabinete no sábado para iniciar o processo de suspensão da autonomia da Catalunha, depois que o líder catalão, Carles Puigdemont, se recusou a abandonar sua campanha de separação do restante da Espanha.
Entrevistada também na rede de televisão "Antena 3", Carmen disse que as medidas "evidentemente poderiam afetar" a polícia regional (Mossos d'Esquadra) e a rede autonômica de televisão "TV3", além das contas públicas da Catalunha.
"O objetivo é voltar à legalidade, à normalidade e à tranquilidade institucional para realizar eleições regionais", argumentou Carmen.
O governo decidiu aplicar o artigo 155 da Constituição para assumir funções exercidas pelas autoridades da Catalunha e restabelecer a legalidade, depois que o presidente catalão, Carles Puigdemont, avisou ontem que o Parlamento regional poderia votar a independência se não houver diálogo entre as partes.
O artigo estabelece que, se uma autoridade autonômica não atender o requerimento para voltar à legalidade, o governo aprovará um decreto com medidas concretas para assumir competências regionais, que enviará ao Senado para sua autorização por maioria absoluta e aplicação efetiva.
Votação no Senado
O Senado espanhol pode votar já no fim da próxima semana um projeto com medidas para impor regime direto sobre a Catalunha, revogando a autonomia da rica região do nordeste espanhol, em resposta a uma tentativa de independência, disse uma porta-voz da Casa Legislativa nesta sexta-feira.
O Senado precisa criar uma comissão para debater as medidas, que nunca foram usadas anteriormente. A comissão provavelmente se reunirá no dia 23 de outubro, disse a porta-voz.
Em seguida, o líder da Catalunha, Carles Puigdemont, terá uma oportunidade de responder. O Senado inteiro, onde o governista Partido Popular (PP) tem maioria, votaria sobre as medidas já no dia 27 de outubro.
Tirar dinheiro de banco como protesto
Os simpatizantes da causa separatista da Catalunha sacaram, de modo orquestrado, nesta sexta-feira quantidades de dinheiro simbólicas ou substanciais dos bancos, em protesto contra o governo espanhol e os bancos que transferiram sua sede social da região.
"É uma forma de protestar. Não queremos fazer nenhum mal à economia espanhola ou catalã", disse Roser Cobos, uma advogada de 42 anos que sacou 1.714 euros, em referência ao ano da tomada de Barcelona pelas tropas do rei Felipe V, e a subsequente anulação das instituições autônomas as regiões que se opuseram.
"É a única forma que os catalães têm de mostrar seu desacordo com a atitude do Estado espanhol", acrescentou.
Duas associações separatistas, a Assembleia Nacional Catalã (ANC) e Omnium Cultural, convocaram os militantes nas redes sociais a várias "ações diretas pacíficas" para mostrar seu descontentamento com o governo de Mariano Rajoy, sobretudo retirando dinheiro, "de preferência entre 8h e 9h".
Os líderes de ambas as associações - Jordi Sánchez e Jordi Cuixart, respectivamente - estão presos preventivamente como suspeitos de sedição.
A perspectiva de uma declaração unilateral de independência fez que centenas de empresas trasladaram suas sedes sociais em outubro, começando pelos dois grandes bancos catalães, CaixaBank, terceiro da Espanha, e Banco Sabadell, quinto.
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