Topo

Por quatro votos, Câmara argentina aprova descriminalização do aborto; projeto vai ao Senado

14.jun.2018 - Ativistas argentinas comemoram a descriminalização do aborto na Argentina, aprovada na Câmara e que agora irá para o Senado - AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH
14.jun.2018 - Ativistas argentinas comemoram a descriminalização do aborto na Argentina, aprovada na Câmara e que agora irá para o Senado Imagem: AFP PHOTO / EITAN ABRAMOVICH

Do UOL, em São Paulo

14/06/2018 10h33

A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quinta-feira (14) a descriminalização do aborto até a 14ª semana de gestação, um projeto que passará agora ao Senado. A votação foi de 129 deputados a favor, 125 contrários e uma abstenção, anunciou o presidente da Câmara, Emilio Monzó. A sessão na Câmara de Deputados durou 23 horas.

Atualmente, na Argentina o aborto é permitido apenas em caso de estupro ou risco para a vida da mulher. A Argentina, país do papa Francisco e de forte influência da Igreja católica, foi pioneira na América Latina em aprovar o casamento igualitário. Mas a questão do aborto nunca havia sido discutida no Parlamento.

Embora tenha se declarado "a favor da vida", o próprio presidente, Mauricio Macri, encorajou o debate, depois de sete tentativas fracassadas em governos anteriores.

Os argentinos se mostraram divididos tanto dentro como fora do Parlamento.

Na semana passada foi realizada em Buenos Aires uma "oração inter-religiosa pela vida", que contou com a participação de líderes da Igreja católica e outras correntes cristãs, assim como de muçulmanos e judeus. Ao mesmo tempo, estudantes tomaram várias escolas em Buenos Aires para apoiar com uma vigília a despenalização do aborto.

Segundo cifras oficiais, 17% das 245 mortes de mulheres grávidas registradas em 2016 ocorreram por abortos. Várias ONGs calculam que a cada ano morrem cerca de 100 mulheres que fazem abortos clandestinos na Argentina.

Na América Latina, o aborto sem restrições é legal em Uruguai e Cuba. Também é permitido na Cidade do México. Em quase todos os demais países só pode ser realizado em caso de risco de vida para a mulher, inviabilidade do feto ou se a gravidez for fruto de um estupro. Em El Salvador e na Nicarágua, é proibido em todos os casos. (Com AFP)