Apátridas, técnico e três meninos tailandeses resgatados buscam a cidadania no país
O técnico de futebol dos meninos tailandeses resgatados de uma caverna inundada da Tailândia nesta semana é um homem gentil e humilde que ama esportes e espera se tornar um cidadão tailandês, disseram um familiar e um amigo nesta quinta-feira (12).
Ekkapol Chantawong, ou Ek, como é conhecido, foi posto sob os holofotes por ser o único adulto do grupo de 13 pessoas que ficaram presas em uma caverna na província de Chiang Rai, no norte tailandês, no dia 23 de junho, durante um passeio. Todos os 13 foram salvos durante um resgate dramático através de túneis inundados nesta semana.
Ek, de 25 anos, é membro da minoria Tai Lue, um de vários grupos cujos integrantes se movimentam durante gerações pela região através de fronteiras abertas em colinas remotas entre o sul da China, Mianmar e Laos e no interior da colcha de retalhos de comunidades étnicas do norte da Tailândia. Muitas destas pessoas não têm cidadania tailandesa e são oficialmente apátridas.
Weenat Seesuk, autoridade do Ministério do Interior em Bancoc, disse que Ek e três dos meninos do time "Javalis Selvagens" estão nesta condição. "Eles não são cidadãos tailandeses", disse Weenat à Reuters, acrescentando que as autoridades estão analisando se eles se qualificam para obter a cidadania.
Muitos tailandeses disseram nas redes sociais que os garotos e o técnico deveriam receber a cidadania após seu calvário.
No país, existem 400 mil pessoas apátridas, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. Outras fontes estimam que esse número chegue a 3,5 milhões. Nascidos no leste da Birmânia, marcados por guerras étnicas, eles fugiram e chegaram à Tailândia em uma situação complicada para ter seus direitos reconhecidos. Eles não podem se casar, não têm conta bancária, nem emprego. Viajar é ainda mais complicado.
Um dos apátridas foi intérprete do grupo
Adul Sam-on é uma das três crianças apátridas. Ele fala inglês e, durante os longos dias passados na caverna, improvisou no papel de intérprete do grupo. Ele foi o único capaz de se comunicar com mergulhadores britânicos, os primeiros a conseguir chegar até os desaparecidos.
Ele mostrou remorso em uma nota enviada aos pais dos meninos que agentes de socorro retiraram da caverna, pedindo desculpas e prometendo tomar "o melhor cuidado possível" dos alunos.
"Ek é um homem gentil e humilde", disse um de seus familiares, Charoenpol Rattanaweerachon, de 52 anos. "Ele ama esportes, ciclismo e futebol desde que era pequeno". "Ele é um menino do interior, por isso gosta da natureza".
"Ele adoraria se tornar um cidadão tailandês", afirmou. (Com Reuters e RFI)
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