Na França, onde Ciro venceu 1º turno, eleitores dão razões para votar Bolsonaro, Haddad ou nulo
Na capital francesa, Ciro Gomes (PDT) ficou em primeiro lugar no primeiro turno da eleição com 31,1% dos 4.480 votos, e Fernando Haddad (PT), escolhido por 25,8% eleitores, superou Jair Bolsonaro (PSL) por pouco - o capitão da reserva recebeu 25,1% dos votos.
O cenário faz a votação na França especialmente interessante, e os brasileiros radicados no país afirmam que, além do cenário político no Brasil, não podem deixar de levar em conta a política local na hora de decidir o voto.
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Chama a atenção também o baixo número de eleitores registrados para votar. O Consulado do Brasil em Paris estima que 70 mil brasileiros vivam na França, mas apenas 11.047 se registraram para votar e, desses, 6.567 faltaram no primeiro turno.
A França é o 10º maior colégio eleitoral brasileiro no exterior. A lista é encabeçada por EUA (160 mil), Japão (60 mil) e Portugal (39 mil).
Às vésperas do segundo turno, o UOL ouviu razões de brasileiros no país que já decidiram o voto por Haddad, Bolsonaro ou que pretendem anular:
"Votarei Haddad, mas não queria nenhum dos dois candidatos"
Carla Destro, jornalista, há 3 anos em Paris:
"Não julgo ter um candidato que me represente. Votei no Ciro por estratégia.
A partir do momento que você vem morar aqui e convive com franceses, vai aprendendo e começando a refletir politicamente. A França foi invadida por nazistas. Os avós das pessoas da minha idade viveram isso. Quem convive com essas pessoas cria consciência e é influenciado a pensar mais democraticamente, a querer mais igualdade. Nas eleições da França de 2017, lembro o desespero das pessoas falando contra a Le Pen e não entendia como podia existir essa força por aqui. Agora temos esse medo no Brasil.
Pensei em anular, mas acho que anular é ficar em cima do muro e limpar as mãos. E seria um voto a menos para o Hadadd."
Bolsonaro tem ideias das quais discordo, mas o Brasil precisa de um choque de realidade.
Lilian Perez, assistente de escola maternal. Há 7 anos morando em Paris
Quando o francês vem falar de política no Brasil, só fala de corrupção. Bolsonaro está longe de ser perfeito, nem foi meu voto no primeiro turno. A gente pode tirar daqui 4 anos caso não seja bom.
Quem quer votar no Haddad tem meu respeito também. Mas não gosto de ver o que aconteceu comigo: mesmo morando fora, fui me expressar politicamente e sofri ofensas da minha família. Explico isso para um francês e ele entende sem ficar horrorizado. E é dessa forma que devemos encarar"
Não quero ser protagonista do que vai acontecer
Andrea Ferrao, assistente de controladoria, há 4 anos em Paris
"No primeiro turno, votei no Amoêdo e achava que era uma opção inovadora.
O Ciro era o candidato meio-termo. Se tivesse ganhado, também seria bem interessante e positivo.
Quando moramos fora, buscamos realidades como a dos países mais desenvolvidos, e o Brasil não consegue dar esse passo.
Agora, no segundo turno, há dois candidatos em que jamais pensei em votar. Vou anular. Sinto que não posso assumir a responsabilidade de definir algo tão importante estando fora do país. A questão está tão delicada entre um e outro que acredito que as pessoas vão sofrer por lá seja qual for o vencedor. Não quero ser protagonista do que vai acontecer no Brasil."
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