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Advogado: Trump sabia de roubo de e-mails contra Hillary e subornou modelos

Do UOL*, em São Paulo

27/02/2019 16h00

Resumo da notícia

  • Ex-advogado de Trump, Michael Cohen prestou depoimento ao Congresso dos EUA
  • Cohen afirmou que Trump sabia dos e-mails publicados pelo WikiLeaks que prejudicaram a campanha de Hilary Clinton em 2016
  • Ele afirmou que Trump subornou modelos para que não revelassem seus relacionamentos com o presidente
  • Cohen também se disse arrependido de ter trabalhado para Trump e o chamou de "vigarista", "racista" e "trapaceiro"

Os Estados Unidos pararam para ouvir hoje o depoimento de Michael Cohen, ex-advogado do presidente Donald Trump. Ao Congresso, ele chamou Trump de "racista, "vigarista" e "trapaceiro" e disse que o ex-chefe sabia que o Wikileaks publicaria milhares de e-mails roubados do Partido Democrata, para prejudicar a campanha da adversária, Hillary Clinton.

O advogado também acusou o presidente norte-americano de ter subornado modelos para que não revelassem supostos relacionamentos com Trump.

Cohen - que foi condenado à prisão por crimes relacionados em parte com seu trabalho para Trump - também expressou arrependimento por sua lealdade ao presidente no passado.

O depoimento de Cohen resvalou também nas negociações para construir a "Trump Tower" em Moscou. Cohen afirmou que não tem provas diretas de que Trump ou sua campanha de 2016 firmaram acordo com a Rússia.. 

O presidente do Comitê de Supervisão da Câmara, o democrata Elijah Cummings, disse que o testemunho de Cohen era "profundamente perturbador e deveria ser preocupante para todos os americanos".

Ontem, Cohen passou oito horas a portas fechadas no Comitê de Inteligência do Senado, que está investigando a interferência da Rússia nas eleições de 2016 e o comportamento de Trump durante a campanha.

Cohen também vai testemunhar amanhã em uma sessão fechada no Comitê de Inteligência da Câmara, que também analisa a interferência russa nas eleições, bem como as relações comerciais de Trump com os russos.

O advogado ainda achou espaço em seu depoimento para ironizar o fato de Trump encontrar o líder norte-coreano Kim Jong-un no Vietnã já que, segundo o advogado, o presidente teria forjado uma licença médica para não lutar na guerra no país asiático. Em tese, Trump recebeu uma dispensa médica para não ter que prestar serviço em 1968 devido a esporões em seus calcanhares.

"Mas quando eu pedi os registros médicos, ele não me deu nada e disse que não havia feito cirurgia... Disse que não responderia às perguntas dos jornalistas, e que diria que recebeu uma dispensa médica", disse Cohen. "Acho irônico que hoje esteja no Vietnã", acrescentou. 

Republicanos reagem e Trump chama Cohen de mentiroso

O testemunho de Cohen recebeu uma enxurrada de contra-ataques dos republicanos.

O deputado Matt Gaetz, aliado de Trump, tuitou uma ameaça velada a Cohen na terça-feira. "Sua esposa e seu sogro sabem sobre suas namoradas? Talvez esta noite seja um bom momento para esta conversa. Eu me pergunto se ela vai permanecer fiel quando você estiver na prisão. Ela está prestes a saber muitas coisas", escreveu Gaetz.

Os democratas expressaram indignação com o tuite, acusando Gaetz de intimidação ilegal de testemunhas.

Mais cedo, Trump, que está no Vietnã para uma segunda cúpula com o líder norte-coreano Kim Jong Un, reagiu ao depoimento de Cohen vazado na imprensa, tentando desacreditar seu ex-advogado.

"Michael Cohen foi um dos muitos advogados que me representaram (infelizmente)", tuitou, afirmando que Cohen foi desabilitado por um tribunal estadual por "mentir e fraudar". "Ele está mentindo para reduzir o tempo de sua prisão!"

*Com informações da AFP