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Reino Unido rejeita de novo acordo do Brexit. Veja 3 possíveis desfechos

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

29/03/2019 11h45Atualizada em 29/03/2019 18h43

O parlamento britânico rejeitou hoje pela terceira vez a proposta de acordo do Brexit apresentado pela primeira-ministra Theresa May. Com a decisão, o Reino Unido está próximo de deixar a União Europeia, em 12 de abril, de maneira abrupta - mas há outras duas possibilidades no horizonte. O placar foi de 344 contra o acordo por 286 a favor.

"É de lamentar profundamente que, uma vez mais, esta assembleia tenha sido incapaz de apoiar a saída da União Europeia de uma forma ordenada", disse May após a votação.

Ela tinha prometido renunciar ao cargo se seu acordo fosse aprovado hoje. Mas a promessa não convenceu nem seus colegas de partido, que votaram contra o acordo que estabelecia regras de transição e detalhes da retirada do Reino Unido da União Europeia - o chamado "Brexit suavizado".

Com a medida, o caminho para a saída do Reino Unido do bloco europeu está envolto em incertezas. Há basicamente três cenários possíveis agora:

1. Mais provável: Reino Unido deixa UE em 12.04

O próximo passo natural para a derrota do acordo hoje é o fim de uma relação de 46 anos entre Reino Unido e Europa.

Sem acordo, as partes passarão a se relacionar como "estrangeiros" - e a reação da Comissão Europeia em nota após a votação sinaliza que, por ora, esse é o cenário mais provável.

"A União Europeia prepara-se desde dezembro de 2017 e está agora totalmente preparada para um cenário de 'não negociação' à meia-noite de 12 de abril. A UE permanecerá unida. Os benefícios do Acordo de Retirada, incluindo um período de transição, não serão, em nenhuma circunstância, replicados em um cenário de 'não acordo'. Pequenos negócios setoriais não são uma opção", diz nota publicada pelo bloco.

2. Razoavelmente provável: May consegue mais prazo com a UE

Apesar da tensão do lado britânico e do europeu, os esforços diplomáticos podem resultar em mais prazo para a saída, e o Brexit, aprovado por 52% dos votantes em junho de 2016, pode se arrastar ainda mais.

A intenção inicial de ambos os lados era chegar a um acordo antes das eleições europeias de maio.

Se o Reino Unido ainda estiver no bloco até lá, terá de participar das eleições e, um novo parlamento europeu, pode mudar o entendimento e as regras do Brexit - exigindo, inclusive, a convocação de um novo acordo.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, disse que vai chamar por uma reunião de emergência em 10 de abril para definir os próximos passos.

3. Improvável: cancelamento do Brexit

Esse cenário, que May rejeita, não pode ser excluído em face do caos político no Reino Unido. Segundo o Tribunal de Justiça Europeu, o Reino Unido pode decidir voltar atrás e não deixar a UE, sem a necessidade da autorização dos outros Estados-membros.

Mas essa guinada imprevista "não é possível politicamente" sem novas eleições ou um novo referendo, segundo um membro independente da Câmara dos Lordes, John Kerr.

Novas eleições gerais poderiam ser convocadas se o Parlamento e o governo não chegarem a um acordo sobre uma solução para aplicar o Brexit.