Em dia de protestos, Barack Obama diz que "chave do sucesso é a educação"
O ex-presidente dos EUA Barack Obama defendeu investimentos em educação para o desenvolvimento dos países. Em palestra em São Paulo, Obama afirmou que "dar educação e serviços sociais não é caridade, é uma ferramenta de desenvolvimento econômico".
Professores formavam a primeira fila da palestra de Obama no Vtex Day, evento de inovação tecnológica na capital paulista. Durante sua fala, de uma hora, Obama destacou que "a chave do sucesso é a educação". "Se você um país que não tem este tipo de investimento nas pessoas [em educação], ele provavelmente não será bem-sucedido", disse o ex-presidente dos EUA.
"Algumas vezes, particularmente na América Latina, onde existem profundas divisões políticas entre esquerda e direita, tudo é muito ideológico, vejo que as pessoas não acreditam no governo e no mercado. Não existe um mercado funcional sem um bom governo. E, se você não tem um bom sistema educacional, não tem um bom mercado. Sem isso tudo, não há um bom governo", destacou Obama.
Em toda a sua fala, feita diante de uma plateia de 10 mil pessoas --que pagaram até R$ 2.500 para vê-lo--, Obama fez questão de destacar que, por meio do investimento na educação, a economia dos países cresce, a força de trabalho tem maior qualidade e as empresas prosperam. O ex-presidente não fez qualquer menção ao atual governo brasileiro nem aos protestos em defesa da educação que ocorrem hoje.
"Um país precisa de leis, de transparência, responsabilidade, base tributária, infraestrutura, investimentos em escolas. Todas estas coisas formam um bom mercado, melhor para fazer negócios", disse Obama. Ele ressaltou ainda que tudo isso ocorre por meio do bom uso da arrecadação fiscal. "Você deveria ficar feliz em pagar os seus impostos. É dessa forma que os investimentos são feitos, e a sociedade quer que seus negócios tenham êxito. Se você notar os países em que não há arrecadação de impostos e leis, são países em que você não tem como fazer negócios, não são confiáveis", defendeu.
O 44º presidente dos EUA se lembrou ainda de uma de suas visitas ao Brasil, em que visitou uma favela no Rio de Janeiro, onde jogou futebol com "meninos como ele".
Na primeira vez em que estive no Brasil como presidente, joguei futebol com umas crianças na favela no Rio. Olhava para elas e as achava parecidas comigo, quando eu tinha dez anos de idade. Elas tinham as mesmas ideias, a mesma energia e as mesmas possibilidades que eu. A única diferença é que eu tive oportunidades, fui capaz de ter mais conhecimento, superando algumas adversidades. E sempre lembro que, se a gente pode dar as estas pessoas as mesmas oportunidades, uma destas crianças pode acabar inventando a cura do câncer, criar a próxima inovação tecnológica
Barack Obama, ex-presidente dos EUA
Nem tudo foi otimismo. Ao começar a sua fala, Obama contou ter se reunido com Pelé, reclamou do trânsito na cidade de São Paulo --mesmo com os batedores e seguranças-- e das dificuldades para chegar ao local da palestra. E confidenciou que ouvia Tom Jobim com a mulher, Michelle Obama.
Obama ressaltou ainda que tanto o Brasil quanto os EUA têm a mesma origem na desigualdade. A diferença, segundo ele, é que a Constituição americana deu os caminhos para a democracia ao incluir todas as pessoas. "Quanto maior a inclusão, mais bem-sucedido é o país", afirmou.
Obama usou o basquete para exemplificar --e lembrou que a final da liga americana é hoje. "Você vê muitos jogadores internacionais entrando para a NBA hoje, do mundo todo. No Brasil, tinha um cara chamado Oscar Schmidt, e foi um dos melhores jogadores de seu tempo. Mas na época ele não teve a oportunidade de jogar basquete na NBA. Agora temos o Nenê, tinha o Barbosa também, mas ele se aposentou. O ponto é que hoje, quanto mais pessoas você atrai para este 'pool' de talentos, mais sucesso o time terá. E isso acontece nos EUA e no Brasil", disse. "Se os negros e as mulheres forem excluídos, você deixará talentos de fora", disse.
Ao fazer o balanço de seus governos, Obama celebrou ainda o fato de que, em "oito anos de governo, não tive nenhum escândalo". "Ninguém foi preso. Erramos, não fomos perfeitos. Mas mantivemos a integridade. E fomos capazes de mostrar que é possível alcançar um grande poder sem corrupção."
Legislação de armas dos EUA "não tem sentido"
Perguntado sobre o pior dia em seus mandatos, Obama voltou a relatar o atentado de Sandy Hook, onde 20 crianças de uma escola infantil foram mortas por um atirador, além de sete professores e do atirador.
"Minhas filhas não eram muito mais velhas do que as crianças assassinadas, e tive que confortar os pais delas. E alguns aqui podem não saber sobre as leis para compra de armas dos EUA. Elas não fazem o menor sentido, qualquer pessoa pode comprar qualquer arma a qualquer momento e até pela internet. Para mim, ter que falar com os pais que perderam seus filhos foi muito difícil", disse.
"E não pude nem prometer mudanças na legislação que impedissem que algo assim ocorresse com os filhos de outras pessoas. Isso foi a maior frustração para mim."
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