Sem citar Macri, Bolsonaro conclama argentinos a votarem pela 'liberdade'
Em visita ao presidente da Argentina, Mauricio Macri, em Buenos Aires, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) fez um apelo indireto para que os argentinos reelejam o mandatário do país vizinho na próxima eleição.
Bolsonaro não citou diretamente o nome de Macri e também não mencionou a ex-presidente Cristina Kirchner, hoje candidata a vice na chapa de Alberto Fernández, tido como o maior adversário do atual chefe de Estado argentino.
"Conclamo o povo argentino, que Deus abençoe a todos eles, porque terão pela frente agora no mês de outubro eleições. Todos têm que ter, como, no Brasil, grande parte teve, muita responsabilidade, muita razão e menos emoção para decidir o futuro deste país maravilhoso que é a Argentina", disse Bolsonaro.
O brasileiro vem tendo uma postura crítica em relação a Cristina Kirchner desde que tomou posse e já defendeu publicamente o voto em Macri.
"Nós queremos continuar cada vez mais parceiros não só na economia bem como no objetivo maior de qualquer homem e qualquer mulher, que é a liberdade, valor esse que não podemos abrir mão em nenhuma hipótese", afirmou.
Em declaração à imprensa após encontro, ambos os presidentes reforçaram críticas à ditadura na Venezuela, sob o comando de Nicolás Maduro.
Bolsonaro chamou Macri de "irmão" e disse que compartilham "praticamente os mesmos ideais". Segundo o brasileiro, a visita representa o que querem de melhor para seus povos.
Toda a América do Sul está preocupada para que não tenhamos novas Venezuelas na região
Jair Bolsonaro, presidente do Brasil
Macri afirmou que o respeito aos direitos humanos e à democracia fizeram parte dos temas do encontro e, assim como Bolsnonaro, criticou a ditadura de Maduro, citando "duro momento" pelo qual vivem os cidadãos daquele país.
Ele disse que Argentina e Brasil ratificam o compromisso de seguir fazendo todo o possível para que haja a restauração da democracia na Venezuela.
A Venezuela voltou a ser o destaque do discurso de brinde feito por Jair Bolsonaro em almoço oferecido pelo presidente argentino em um dos salões do Museu do Bicentenário, anexo à Casa Rosada.
"O próprio Brasil esteve muito à beira desse abismo [...] Se a corrupção nos leva algo de concreto, as ideologias podem nos levar algo que só se dá valor depois que se perde, que é a nossa liberdade", disse Bolsonaro. Ele voltou a afirmar que espera uma divisão na cúpula do Exército venezuelano para que Nicolás Maduro seja retirado do poder. "Caso contrário, fica complicado trazer a normalidade para a região", avaliou.
Homenagem ao general San Martin
Bolsonaro chegou a Buenos Aires acompanhado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e uma comitiva de sete ministros, entre outras pessoas.
Antes de seguir para a Casa Rosada, sede do Executivo argentino, o presidente foi para a praça San Martín para depositar flores em homenagem ao general José de San Martin, um dos líderes pela independência da Argentina do domínio espanhol.
Além de participar da visita oficial na Casa Rosada, Michelle Bolsonaro foi à abertura da 2ª Cúpula Global sobre Deficiência. A primeira-dama é conhecida por defender a causa e esteve acompanhada da vice-presidente da Argentina, Gabriela Michetti, cadeirante e organizadora do evento.
No encontro na Casa Rosada, Bolsonaro deu de presente a Macri a camisa titular da seleção brasileiro com o número 10 e o sobrenome do argentino nas costas, além de um boné da seleção. Macri agradeceu e, sorridente, chegou a colocar o boné antes de servirem o prato de entrada da refeição. O argentino foi presidente do Boca Juniors, antes de ser o mandatário do país
Fortalecimento do Mercosul e discussão de acordos
Além de questões políticas, o foco da visita foi o acerto de últimos detalhes para o acordo do Mercosul, grupo do qual Brasil e Argentina fazem parte, com a União Europeia. A previsão do ministro da Economia, Paulo Guedes, é que a assinatura saia em até quatro semanas. De acordo com um integrante do governo, o Brasil pode ganhar cerca de R$ 60 bilhões por ano com o acordo.
Não houve a assinatura de acordos bilaterais de destaque, mas foram firmados memorando de entendimento sobre cooperação na área de bioenergia, incluindo biocombustíveis, de mineração e para intercâmbio de energia elétrica em caráter emergencial. Os presidentes ainda assinaram declaração conjunta sobre política nuclear, devido aos 25 anos da entrada em vigor do Acordo Quadripartite.
A construção de hidrelétricas na fronteira molhada entre Brasil e Argentina foi comentada, mas a discussão ainda está em estado incipiente.
Bolsonaro ainda citou um novo tema a ser colocado em pauta pelos países da América do Sul e querer um encontro destes com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no G20, previsto para o final de junho no Japão, mas não quis detalhá-lo.
Noite terá show de tango?
Questionado se após o jantar privado iria passear com Michelle, que o acompanha pela primeira vez em uma viagem internacional, o presidente disse que com certeza ela iria sair, porque "gosta de um shopping".
De bom humor, disse também não saber se aproveitaria a presença na capital argentina para assistir a um show de tango. "Não sei. A agenda noturna é 100% dela. Eu entro só com a despesa. Ela entra com o programa", concluiu.
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