Boris Johnson assume como primeiro-ministro do Reino Unido
Carolina Marins
Do UOL, em São Paulo
24/07/2019 11h44Atualizada em 24/07/2019 12h09
O britânico Boris Johnson tomou posse hoje como primeiro-ministro do Reino Unido, sucedendo Theresa May. Ela fez hoje seu último discurso antes de deixar o cargo formalmente perante a rainha Elizabeth 2º. Johnson recebeu a permissão real para assumir o cargo e formar seu governo.
O ex-prefeito de Londres foi eleito ontem o líder do Partido Conservador com uma ampla margem de seu rival Jeremy Hunt. Favorável ao Brexit, o novo premiê promete formalizar a saída do Reino Unido da União Europeia até 31 de outubro com ou sem acordo.
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Durante encontro tradicional, a rainha perguntou se Johnson está apto para o governo, o que ele respondeu "sim" e então recebeu a permissão para formar o corpo técnico de seu governo. Ele deve anunciar em seguida os seus ministros.
Logo após receber o convite real, o novo premiê deu seu primeiro discurso em frente ao número 10 da Downing Street, onde agradeceu à Theresa May por seu "profundo senso de serviço público" e prometeu fazer "um melhor acordo" para o Brexit.
"Acabei de ver Sua Majestade, a Rainha, que me convidou para formar um governo, e aceitei", disse. "No final, o Brexit foi uma decisão fundamental do povo britânico. Estou convencido de que podemos fazer um acordo", mas ressaltou que o Reino Unido se preparará para um Brexit sem acordo.
Ele também falou sobre segurança e outros temas: "Meu trabalho é tornar suas ruas mais seguras, e vamos começar com outros 20 mil novos policiais nas ruas". Acrescentou que haverá 20 novas atualizações hospitalares e que "vamos consertar a crise de assistência social de uma vez por todas".
Desde segunda-feira, ministros têm renunciado aos cargos, pois Johnson já despontava como favorito para vencer a eleição do partido. O primeiro foi o secretário júnior de Relações Exteriores, Alan Duncan, um crítico de Johnson. Em seguida, a ministra da Educação, Anne Milton, renunciou pouco antes do anúncio de Johnson como líder do partido.
Logo após a proclamação do resultado eleitoral, foi a vez dos ministros da Justiça, David Guake, e da Cooperação Internacional, Rory Stewart. Hoje, o ministro da Economia, Philip Hammound, anunciou sua renúncia à Theresa May. No Twitter, ele disse ter sido um "privilégio servir como ministro da Economia pelos últimos três anos".
May entrega o cargo
Theresa May renunciou oficialmente hoje perante a rainha Elizabeth 2ª. Em seu último discurso em frente ao número 10 da Downing Street, ela agradeceu à sua equipe e aos britânicos. "Minha última palavra é um sincero obrigada", disse. "Obrigada por colocarem sua fé em mim e me dar a chance de servi-los". Ela deixou um recado às meninas com aspirações políticas:
Espero que todas as jovens que viram uma mulher primeira-ministra agora saibam com certeza que não há limites para o que podem alcançar Theresa May
Em sua última aparição no Parlamento como premiê, May disse estar "satisfeita" com o que entrega a Johnson. Em determinado momento, ela e o líder a oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn trocaram farpas. Corbyn criticou as políticas de Theresa May e o Brexit. Ela, por outro lado, disse ter orgulho de tudo o que fez em seu governo.
Ministros do Partido Trabalhista questionaram se May irá perdoar Johnson por ter "sabotado seu governo para seus próprios meios", referindo-se ao fato de ele ter renunciado ao cargo de ministro de Relações Exteriores e repetidamente criticado a então premiê pela forma como conduzia o Brexit.
Ela desviou da resposta e disse: "Meu sucessor continuará a entregar as políticas que melhoraram a vida das pessoas de cima a baixo neste país".
Porém, Corbyn também elogiou o trabalho da premiê com o "dever público". "Hoje é o último dia no poder para a primeira-ministra e eu rendo tributo ao seu senso de dever público. O serviço público sempre deve ser reconhecido. Ser deputada, ministra e certamente primeira-ministra é uma honra que leva consigo uma enorme responsabilidade", disse.
Theresa May continuará com seu cargo de deputada na Câmara dos Comuns. "Me orgulho de continuar como membro do Parlamento", disse.