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Pró-Brexit, Boris Johnson é eleito e será o novo premiê do Reino Unido

Boris Johnson foi eleito com ampla margem como novo líder do Partido Conservador e premiê do Reino Unido - Toby Melville/Reuters
Boris Johnson foi eleito com ampla margem como novo líder do Partido Conservador e premiê do Reino Unido Imagem: Toby Melville/Reuters

Carolina Marins

Do UOL, em São Paulo

23/07/2019 08h05Atualizada em 23/07/2019 14h59

Político, jornalista, apresentador de TV e autor de romances, Boris Johnson foi anunciado hoje o novo líder do Partido Conservador e próximo primeiro-ministro do Reino Unido. Ele disputou durante um mês a liderança do Partido Conservador com Jeremy Hunt, mas já era apontado como favorito desde o início.

Johnson ganhou com uma grande margem de votos: 92.153 contra 46.656 de Hunt. A eleição foi encerrada ontem e a posse será amanhã, quando Theresa May lhe entregará o cargo.

May parabenizou Johnson pelo Twitter: "Agora nós precisamos trabalhar juntos para entregar um Brexit que funcione para todo o Reino Unido e manter Jeremy Corbyn fora do governo. Você terá todo o meu apoio".

Além de ser um defensor incisivo do Brexit, com ou sem acordo, Johnson coleciona episódios polêmicos e foi elogiado em público por Donald Trump, presidente dos Estados Unidos e crítico à antecessora britânica, Theresa May.

"Acho que ele fará um ótimo trabalho. Acho que teremos uma ótima relação", disse Trump antes de a vitória de Johnson ser oficializada. O presidente americano o parabenizou minutos depois do anúncio da vitória. "Parabéns a Boris Johnson por ser tornar o novo primeiro-ministro do Reino Unido. Ele será ótimo!".

Em comum com o líder norte-americano, Johnson compartilha o temperamento explosivo e a retórica inflamada.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), foi outro a parabenizar o novo premiê britânico. "Conte com o Brasil na busca por livre comércio, na promoção da prosperidade para nossos povos, e na defesa da liberdade e da democracia", disse o brasileiro.

Antes de se dedicar à política, "Bojo", como é conhecido, trilhou carreira no jornalismo. Começou como repórter no jornal The Times em 1987, mas foi demitido acusado de inventar uma entrevista.

Ele também passou pelas redações do The Daily Telegraph e The Spectator, em que causou outra polêmica ao culpar "fãs bêbados" do Liverpool pela tragédia de Hillsborough que deixou 96 mortos. Posteriormente, o jornal admitiu que a afirmação era mentirosa e pediu desculpas aos torcedores do time de futebol.

O início de sua vida política coincide com suas aparições na televisão. Em 1998, Boris Johnson integrou um talk show da BBC chamado "Have I got news for You" (Tenho notícias para você, em tradução livre). Suas participações irreverentes o tornaram conhecido. Em 2001, foi eleito para a Câmara dos Comuns e, quatro anos depois, conseguiu a reeleição.

Em 2007, tornou-se prefeito de Londres com eleição apertada contra Ken Livingstone do Partido Trabalhador - um feito que ele repetiu em 2012.

Seu período na prefeitura da capital da Inglaterra foi seu carro eleitoral durante as eleições para premiê. Ele se vangloria pela redução nas taxas de homicídio e por diminuir mortes no trânsito. Também construiu casas populares e diz ter estado à frente da melhora dos índices econômicos.

Seu nome chegou a ser cogitado para o cargo de primeiro-ministro logo após a renúncia de David Cameron, mas devido a conflitos internos do partido, a vencedora foi Theresa May. Johnson então ganhou o cargo de ministro de Relações Exteriores no novo governo, no qual tomou decisões importantes para a diplomacia britânica.

Ele incentivou May a fazer um ataque conjunto com os Estados Unidos e a França contra a Síria logo após o país sofrer um ataque químico - atribuído ao governo de Bashar al-Assad - em 2018. No mesmo ano, ele atribuiu à Rússia a culpa pelo envenenamento de um ex-espião russo em Salisburg, mesmo não tendo prova do envolvimento. O episódio causou uma séria crise diplomática global.

Ele permaneceu no cargo até julho de 2018, quando anunciou sua renúncia por não concordar com a maneira como Theresa May liderava o Brexit.

Pró-Brexit

Boris Johnson sempre foi um defensor da saída do Reino Unido, sendo um dos líderes do movimento "Leave". Antes da vitória da saída no referendo de 2017, Johnson chegou a causar polêmica ao comparar a política de integração da União Europeia com as conquistas de Napoleão e Hitler.

Em sua visão, May não deveria negociar acordos comerciais mais brandos para a saída. Conforme a então primeira-ministra insistia na negociação, ele foi demonstrando descontentamento, até deixar o cargo. Ele foi sucedido pelo seu rival nessas eleições, Jeremy Hunt.

A sua principal promessa como primeiro-ministro é agir diferentemente de sua antecessora, sem renegociar datas para o Brexit. Segundo ele, o Reino Unido sairá da União Europeia em 31 de outubro com ou sem acordo, algo que tem despertado temor no empresariado britânico.