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TikTok pode estar sendo usado pelo EI para recrutar mulheres, diz revista

Getty Images
Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

31/10/2019 13h41

Pelo menos 20 contas de militantes do Estado Islâmico foram banidas da rede social TikTok, voltada para a publicação de vídeos, por postarem imagens de propaganda com "cadáveres exibidos em desfiles pelas ruas, combatentes do Estado Islâmico com armas e mulheres que se dizem jihadistas e orgulhosas", diz reportagem da revista Elle citando o jornal norte-americano The Wall Street Journal.

Algumas postagens tinham filtro de corações cor-de-rosa, glitter cintilante, flores e emojis para atrair mulheres jovens.

O conteúdo foi retirado da rede social assim que a reportagem do jornal foi publicada, mas um porta-voz da empresa afirmou que os vídeos tinham "visualizações muito limitadas" e que a companhia "modera agressivamente, seleciona e exclui [o que for relacionado ao terrorismo] ".

Desde que o EI (Estado Islâmico) começou a usar as mídias sociais para recrutar membros, há vários anos, gigantes como o Facebook e o Twitter se debateram sobre como lidar com a violência causada pelo ódio e com a definição de conteúdo relacionado ao terrorismo.

Diferentemente de seus antecessores, o TikTok, muito mais novo - lançado em 2017 pela empresa chinesa ByteDance e com um valor estimado em US$ 75 bilhões -, parece estar adotando uma abordagem imediata e mais ativa à moderação, ao contratar milhares de moderadores de conteúdo nos EUA e na China e investindo em dois ex-parlamentares para revisar suas políticas de moderação de conteúdo.

Como seu público é composto principalmente por millennials e jovens da geração Z (30% dos usuários têm menos de 18 anos) procurando vídeos engraçados, o TikTok é uma forma especialmente sutil de atrair para o EI membros em potencial. Parece que o grupo também está mirando especificamente meninas por meio do aplicativo.

Segundo a Elle, o TikTok proíbe explicitamente que organizações criminosas utilizem o aplicativo nesse tipo de ação. A ferramenta, que já foi baixada mais de 950 milhões de vezes, possui uma política rígida sobre conteúdo relacionado ao terrorismo, listada nas diretrizes da comunidade:

"Organizações terroristas e quaisquer outras organizações criminosas são estritamente proibidas de usar o TikTok. NÃO use o TikTok para promover e apoiar essas organizações ou indivíduos", de acordo com a revista.

Um representante do TikTok disse à Elle que o desafio que enfrentam é "complicado por maus atores que buscam burlar ativamente medidas de proteção", mas que o TikTok tem "uma equipe dedicada à proteção agressiva contra comportamentos maliciosos".

Para impor essas regras, foi adotada uma sugestão do Facebook, Twitter e YouTube, que investiram em moderadores para procurar conteúdo ofensivo.

Semelhante ao Facebook, o TikTok também usa um sistema de "classificadores", como imagens ou música, para sinalizar contas que potencialmente violam seus termos de serviço. Nesse caso, o TikTok encerra a conta e bane o dispositivo associado, para impedir que o proprietário crie outra conta nesse telefone.

No ano passado, as empresas de mídia social se viram sob imensa pressão para limitar o conteúdo do discurso de ódio. Em resposta, o Facebook, a maior rede social do mundo, anunciou no mês passado sua expansão da definição de organizações terroristas.

Um relatório recente de transparência no Twitter revelou que 10,8 milhões de contas foram denunciadas entre julho e dezembro de 2018. O Twitter tomou medidas contra 612.563 dessas contas por violarem seis categorias de regras: abuso, exploração sexual infantil, conduta odiosa, informações privadas, mídia sensível e ameaças violentas.