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Fumaça de incêndios na Austrália chega à América e pode alcançar Brasil

Do UOL, em São Paulo*

06/01/2020 19h48Atualizada em 07/01/2020 01h27

A fumaça dos incêndios que atingem a Austrália foi vista hoje no Chile e na Argentina em uma nuvem que percorreu mais de 12 mil quilômetros até chegar à América do Sul.

Segundo o Departamento Meteorológico de Santiago, o material não oferece risco à saúde da população. A nuvem está localizada a cerca de seis quilômetros de altura e não há na região nenhum fenômeno climático que possa fazer com que ela se aproxime da superfície.

No Twitter, o Serviço Meteorológico Nacional da Argentina (SMN) mostrou imagens de satélite em que pode ser vista a fumaça sendo transportada pelos sistemas frontais que se deslocam de oeste para leste.

"Que consequências isso pode ter? Nenhuma muito relevante, apenas um entardecer e um sol um pouco mais vermelhos", escreveu.

O fenômeno ainda pode chegar ao Brasil, mais precisamente ao Rio Grande do Sul, e ao Uruguai amanhã.

Iniciativas de combate aos incêndios

O primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, anunciou a liberação de 2 bilhões de dólares australianos (cerca de R$ 5,6 bilhões) para as regiões atingidas pelos incêndios florestais, que deixaram 25 mortos e destruíram um território equivalente ao da Dinamarca.

O dinheiro, segundo Morrison, será distribuído nos próximos dois anos e administrado por um novo órgão, a Agência Nacional de Recuperação de Incêndios Florestais, encarregada de reconstruir casas e prédios danificados pelo fogo.

"Os incêndios seguem e vão continuar por meses", disse o primeiro-ministro durante a entrevista coletiva. "Vai ser feito o que for preciso, custe o que custar", garantiu.

Morrison acrescentou que a verba liberada é proveniente do orçamento estatal e independente de outros auxílios já aprovados, destacando ainda que se trata de um "acordo inicial" e que os repasses poderão ser ampliados, se necessário, caso os danos aumentem.

"Vamos nos concentrar nos custos humanos e nos custos de reconstrução da vida das pessoas para garantir que fazemos o melhor possível, o mais rápido possível", disse.

O anúncio acontece depois de o premiê ter recebido críticas por demorar a responder à catástrofe. A cobrança aumentou no mês passado, quando Morrison saiu de férias e viajou para o Havaí, nos Estados Unidos, no meio da crise.

Ajuda internacional

Considerados dos piores do século na Austrália, os incêndios levaram países como os Estados Unidos, o Canadá, a Nova Zelândia, Singapura e França a enviar bombeiros, helicópteros e militares para ajudar no combate ao fogo.

Em mensagem publicada no Twitter, Morrison agradeceu "o apoio e assistência" dados pelos "amigos internacionais" num "momento de necessidade", e citou também o auxílio de países do Pacífico, como Vanuatu e Papua Nova Guiné, que ofereceram dinheiro e pessoas para reforçar o combate às chamas.

Saldo da destruição no fim de semana

O fim de semana foi "catastrófico" na Austrália, segundo as autoridades locais, que contabilizaram mais um morto no sábado e a retirada de milhares de pessoas, além de "danos consideráveis".

O estado da Nova Gales do Sul, o mais populoso do país, continua a ser o mais afetado, com os bombeiros confirmando a destruição de cerca de 60 casas nos últimos dois dias e alertando que o número poderá subir para várias centenas quando todo o território for inspecionado.

Mais de 135 focos de incêndios ainda estão ativos em Nova Gales do Sul, incluindo quase 70 que ainda não foram contidos. Autoridades alertaram que a chuva não vai apagar os maiores e mais perigosos deles antes que as condições climáticas voltem a se deteriorar.

Em Victoria, o governo regional contabilizou 200 casas destruídas pelas chamas no fim de semana. A maioria está localizada em East Gippsland, que abrange a localidade de Mallacoota, onde a fumaça impede a retirada por via aérea de 300 pessoas cercadas pelas chamas há vários dias.

A fumaça também afeta outras cidades, como Melbourne e a capital Camberra, que hoje registrou a pior qualidade de ar de todas as grandes metrópoles no mundo e foi forçada a fechar creches.

*Com Deutsche Welle e AFP