Sanders deixa disputa nos EUA: 'Campanha acaba, mas a luta continua'
O senador democrata Bernie Sanders retirou hoje sua pré-candidatura à presidência dos Estados Unidos. Com a desistência, ele deixa o caminho livre para o seu adversário no partido, Joe Biden, ser o escolhido para enfrentar Donald Trump, candidato à reeleição pelo partido Republicano.
"Eu gostaria de dar melhores notícias. A campanha acaba, mas a luta por justiça continua. Eu entendi que a vitória no partido não vai acontecer", disse Sanders em um discurso transmitido em suas redes sociais.
A decisão de Sanders de suspender a campanha ocorre em meio ao surto de coronavírus que alterou o cronograma de votações prévias nos estados, com algumas primárias adiadas e outras sem previsão. Ele era o principal candidato do partido apenas um mês atrás
Segundo o senador, sua campanha levantou números que mostram que ele não conseguiria "reunir os esforços necessários" para vencer a indicação democrata, o que o fez desistir. "Foi uma decisão difícil e dolorida. Se eu tivesse condições de vencer eu continuaria. Mas não vai acontecer".
"O futuro do nosso país está nas nossas ideias", disse Sanders, que iniciou o discurso agradecendo aos seus apoiadores, entre voluntários de campanha, doadores e eleitores.
"Vendo um presidente incapaz de oferecer liderança que precisamos, eu não poderia continuar uma campanha que não vai vencer e poderia atrapalhar o trabalho que todos precisamos fazer. Nós não somos uma campanha, somos um movimento diverso que acredita que a mudança vem de todos. Essa luta continua. A campanha termina, mas este movimento não", completou.
Em meados de março, pessoas próximas à campanha de Sanders declararam que ele estava reavaliando sua candidatura. Após começar a disputa como favorito à indicação democrata, as vitórias dominantes do ex-vice-presidente na Flórida, Illinois e Arizona balançaram a sua campanha.
Durante o discurso, ele parabenizou Biden pela indicação e disse que vai trabalhar pela vitória dos delegados na eleição. Ele ainda chamou Trump de "o presidente mais perigosos da história moderna dos Estados Unidos".
Sanders também fez duras críticas ao sistema de saúde norte-americano e reforçou a necessidade de se repensar na saúde, no trabalho e meio ambiente.
"Sempre acreditamos que a planos de saúde são uma questão de direitos humanos e não de direitos trabalhistas. Hoje muitos vizinhos e amigos estão desesperados para pagar seu aluguel, sua hipoteca ou colocar comida na mesa. O Congresso tem que tomar medidas excepcionais para uma situação excepcional para proteger os trabalhadores e não apenas os privilegiados".
Ele terminou dizendo que segue na luta por justiça. "Nós não somos uma campanha, somos um movimento multirracial, multi-geracional que acredita que a mudança nunca vem de cima para baixo, mas de todos. Essa luta continua. A campanha termina, mas este movimento não. Essa campanha foi sobre luta por justiça. Esse movimento é uma luta por justiça".
Um "socialista democrático"
Sanders, um senador de Vermont, de 78 anos, é um socialista cuja agenda progressista levou o Partido Democrata mais para a esquerda.
O senador, que também representou um desafio inesperadamente forte em 2016 para Hillary Clinton, que acabou sendo escolhida como candidata democrata, estava sob pressão para interromper sua campanha depois que Biden conquistou vitórias retumbantes nas disputas primárias em 17 de março na Flórida, Arizona e Illinois.
* Com Reuters e AFP
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