Topo

Esse conteúdo é antigo

EUA: 5º dia de protestos deixa 1 morto; 25 cidades impõem toque de recolher

Protestos após morte de segurança negro nos EUA

Do UOL, em São Paulo*

30/05/2020 19h36Atualizada em 31/05/2020 08h27

Os Estados Unidos registraram ontem o quinto dia consecutivo de manifestações após a morte de George Floyd, segurança negro morto na segunda-feira (25) após uma ação policial em Minneapolis. Os protestos antirracistas se expandiram para grandes cidades, como Seattle, Los Angeles, Chicago, Cleveland, Dallas, Nova York e Atlanta e dezenas de outras.

Ao menos três pessoas foram baleadas durante protestos em Indianapolis —uma delas morreu. É a terceira morte relacionada às manifestações. Na noite de sexta-feira (30) um jovem de 19 anos e um agente federal também morreram baleados.

Até o momento, 25 cidades em 16 estados decretaram toque de recolher, entre elas Atlanta, Chicago, Filadélfia, Los Angeles, Miami, San Francisco e Minneapolis, berço das manifestações.

Em algumas cidades, foram registrados confrontos entre manifestantes e policiais, com bombas de gás lacrimogêneo e tiros de bala de borracha, além de viaturas incendiadas, prédios públicos depredados e saques. Centenas de pessoas foram presas em diversos locais.

A Guarda Nacional foi acionada por 13 estados e o distrito de Columbia para ajudar na contenção dos protestos. Ao todo, mais de 10 mil agentes devem ser destacados para atuar nessas regiões.

3 pessoas baleadas em Indianapolis

Em Indianapolis, três pessoas foram feridas por tiros durante um protesto no centro da cidade na noite de ontem, de acordo com o chefe da polícia Randal Taylor. Uma das vítimas morreu.

Ninguém foi preso, e a polícia investiga o caso.

Viaturas incendiadas

Viaturas da polícia foram incendiados em Los Angeles e em Nova York —havia quatro policiais dentro da viatura quando ela foi atingida por um coquetel molotov, mas todos conseguiram escapar sem ferimentos.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, declarou estado de emergência em Los Angeles e pediu apoio da Guarda Nacional para conter as manifestações.

Carros também foram incendiados em manifestações na Filadélfia e em Chicago, segundo registros no Twitter:

Os manifestantes tomaram as ruas após meses de isolamento contra a propagação do coronavírus. Muitos não usavam máscaras, o que acende um alerta amarelo, num momento em que o país tem um número decrescente de casos da doença e a população começa a reabertura econômica.

Manifestação em Nova York

Na capital do país, centenas de manifestantes se reuniram perto da sede do Departamento de Justiça, e caminharam em direção ao Capitólio, sob gritos como "Vidas negras importam" e "Não consigo respirar", últimas palavras ditas por Floyd antes de morrer. Muitos foram até a Casa Branca, que estava cercada por policiais com escudos.

Em Nova York, protestos fecharam grandes vias no Harlem, tradicional bairro afro-americano de Manhattan, e na praça Union Square, onde costumam acontecer manifestações na cidade.

Segundo usuários do Twitter que acompanham os protestos, a polícia nova-iorquina voltou a prender manifestantes que ultrapassaram barreiras em uma pista expressa próxima da cidade. Na sexta-feira (29), foram 200 prisões em Nova York.

Com as ruas cheias, o prefeito Bill de Blasio divulgou vídeo afirmando que a polícia irá conter e investigar "atos de violência" nos protestos. No mesmo discurso, o prefeito criticou o racismo estrutural e falou aos "nova-iorquinos brancos" que a situação não pode mais continuar assim.

Governador aciona Guarda Nacional

Em Minneapolis, onde ocorreu o caso, houve novos protestos ontem. O governo de Minnesota, estado onde fica Minneapolis, acionou a Guarda Nacional pela primeira vez desde a Segunda Guerra para conter as manifestações.

O governador Tim Waltz afirmou que a medida foi necessária porque alguns manifestantes estavam aproveitando as marchas para espalhar o caos e, além disso, esperava que os protestos hoje fossem mais intensos.

Sem dar detalhes, ele disse acreditar haver, entre os manifestantes, infiltrados, incluindo supremacistas brancos e membros de cartéis de drogas, instigando a violência.

Governo Trump sugere interferência política

O governo republicano de Donaldo Trump sugeriu que os protestos estariam sendo orquestrados por grupos políticos de esquerda.

"Em vários lugares, a violência parece ser planejada, organizada e dirigida por grupos anarquistas e extremistas de esquerda —grupos extremistas de esquerda—, muitos dos quais saíram do estado para propagar a violência, disse o procurador-geral do estado, William Barr, em pronunciamento.

Em um movimento incomum, o Pentágono disse que colocaria unidades militares em alerta para o caso de haver uma requisição de ajuda pelo governo de Minnesota.

Entenda o caso

Floyd, 46, morreu na segunda-feira (25) quando estava sob custódia da polícia de Minneapolis. Ele havia sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de US$ 20 num supermercado.

Uma imagem de vídeo mostra Floyd deitado no chão, ao lado do pneu de um carro, e com o pescoço prensado contra o asfalto pelo joelho de um dos quatro agentes que participaram da detenção.

Os quatro foram afastados da polícia, e o agente que prensou Floyid, Derek Chauvin, foi preso e acusado de homicídio culposo (sem intenção). Em comunicado, a família de Floyd saudou a detenção do agente, apesar "de tardia" e insuficiente.

*Com agências de notícias