Topo

Esse conteúdo é antigo

Procurador culpa extrema-esquerda por violência em protestos nos EUA

William Barr, procurador-geral dos Estados Unidos - Andrews Caballero-Reynolds - 13.jan.2020/AFP
William Barr, procurador-geral dos Estados Unidos Imagem: Andrews Caballero-Reynolds - 13.jan.2020/AFP

Do UOL, em São Paulo*

30/05/2020 15h59Atualizada em 30/05/2020 16h38

O procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, afirmou que hoje que os protestos que se espalham pelo país por causa da morte do afro-americano George Floyd durante uma ação policial estão sendo infiltrados por grupos anarquistas e de extrema-esquerda.

Barr declarou ainda que os integrantes desses grupos estariam cometendo "crime federal" por cruzar as divisas dos estados americanos para promover "protestos violentos".

"Infelizmente, com os tumultos que estão ocorrendo em muitas de nossas cidades em todo o país, as vozes de protestos pacíficos estão sendo seqüestradas por violentos elementos radicais", disse.

"Em muitos lugares, parece que a violência é planejada, organizada e dirigida por grupos anarquistas e de extrema-esquerda, usando táticas da Antifa para promover violência."

Os protestos já se espalharam para dezenas de cidades dos Estados Unidos, e vários deles resultaram em violência.

Em Detroit, um jovem de 19 anos morreu após ser baleado. Em Oakland, dois policiais também foram baleados durante as manifestações —um deles morreu. Manifestantes foram detidos em Minneapolis, cidade onde ocorreu a abordagem que resultou na morte de Floyd, e em Houston e Nova York.

Na noite de ontem houve manifestações em Minneapolis, Saint Paul (Minnesota), Atlanta (Geórgia), Detroit (Michigan), Nova York, Portland (Óregon), Dallas, Houston (Texas), Los Angeles, San Jose, Oakland (Califórnia), Las Vegas (Nevada), Columbus (Ohio), Phoenix (Arizona) e várias outras cidades.

50 manifestantes são presos em Minneapolis

As manifestações foram pacíficas ao longo do dia em Minneapolis, mas se tornaram violentas perto de meia-noite. Cerca de 50 pessoas foram detidas durante os protestos na cidade.

Houve tiroteios perto de delegacias, e lojas comerciais foram incendiadas, incluindo um banco, um restaurante, um posto de gasolina e uma agência de correios.

Cerca de 700 agentes da guarda Nacional foram enviados à cidade para ajudar a polícia do estado a conter os protestos. Até amanhã, o número deve subir para 1.700.

Esse número se junta aos 2.500 policiais do estado que estão na região. É a maior mobilização de policiais em Minnesota desde 1929.

Os manifestantes desrespeitaram um toque de recolher decretado pelo prefeito Jacob Frey, que determinou que as pessoas esvaziem as ruas das 20h (22h de Brasília) às 6h, exceto membros da Polícia e da Guarda Nacional, corpo de bombeiros e equipes médicas.

As autoridades de Minneapolis e do estado de Minnesota fizeram vários apelos públicos para que a população se acalme e fique em casa.

Jovem morre durante ato em Detroit

Em Detroit, um homem de 19 anos morreu depois de uma pessoa que estava num carro abrir fogo contra uma multidão que protestava contra a morte de Floyd, afirmou a polícia da cidade, por volta das 23h30 de ontem (horário local).

Segundo a polícia, o suspeito dos disparos parou o carro na área onde ocorriam os protestos e começou a disparar contra a multidão. A vítima chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital. Não há informação sobre a identificação do suspeito.

Dois policiais são baleados em Oakland, um morre

Em Oakland, dois policiais foram baleados durante manifestações na noite de ontem. Um deles morreu. A polícia investiga para identificar de onde veio os disparos.

Foram relatados atos de vandalismo por toda a cidade, saques e incêndios em lojas e agressões.

Prisões em NY e Houston

As autoridades informaram mais de 200 prisões relacionadas aos protestos de ontem em Houston. O mesmo número também foi informado pela polícia de Nova York.

Na maior cidade americana, um vídeo que circula nas redes sociais mostra um policial empurrando com violência uma mulher, que cai no chão e aparenta ficar desnorteada.

Atlanta tem confronto entre policiais e manifestantes

No centro de Atlanta, no sudeste do país, perto da sede da cadeia de televisão CNN, grupos de manifestantes destruíram lojas, e a polícia lançou granadas de gás lacrimogêneo.

Alguns manifestantes atiraram pedras contra o edifício da CNN e vários veículos da polícia em estacionamentos foram atingidos por pedras e outros objetos. Ao menos um foi incendiado.

O governo da Geórgia declarou estado de emergência na manhã de hoje, um requisito para pedir a presença da Guarda Nacional em Atlanta.

Manifestantes protestam em frente à Casa Branca

Em Washington, uma multidão se reuniu em frente à Casa Branca e entoou palavras de ordem contra o presidente Donald Trump.

Alguns manifestantes tentaram romper as barreiras colocadas no local por agentes do Serviço Secreto, que faz a segurança presidencial. Objetos foram lançados contra os agentes, que responderam com spray de pimenta.

Hoje pela manhã, o presidente Donald Trump se manifestou no Twitter sobre o ato em frente à Casa Branca. Em uma série de mensagens ele parabenizou os agentes de segurança que contiveram os manifestantes e disse que as pessoas que estavam lá "pouco tinham a ver com a memória de George Floyd".

Morte de homem negro gerou revoltas

Na origem dos protestos está a morte do afro-americano George Floyd, de 46 anos, quando ele estava sob custódia da polícia. Floyd havia sido detido sob suspeita de ter tentado usar uma nota falsa de US$ 20 num supermercado.

Uma imagem de vídeo mostra Floyd deitado no chão, ao lado do pneu de um carro, e com o pescoço prensado contra o asfalto pelo joelho de um dos quatro agentes que participaram da detenção. Os quatro foram afastados da polícia, e o agente que prensou Floyid, Derek Chauvin, foi preso e acusado de homicídio culposo (sem intenção).

Em comunicado, a família de Floyd saudou a detenção do agente, apesar "de tardia" e insuficiente: "Queremos uma acusação de homicídio doloso (com intenção) premeditado e queremos que os demais agentes sejam detidos".

(*Com agências internacionais)