Racismo nos EUA é mais mortal do que covid-19, aponta estudo
Mesmo em meio à pandemia do novo coronavírus, a taxa de mortalidade entre os brancos nos Estados Unidos não supera o índice de negros mortos anualmente no país, de acordo com pesquisa do Departamento de Sociologia da Universidade de Minnesota.
Segundo o estudo, mais 400 mil brancos teriam que morrer para se equiparar à menor taxa de mortalidade já registrada entre negros, que é de 1.061 a cada 100 mil pessoas, em 2014. Essa estimativa de mortes em excesso é cerca de 5,7 vezes o número de mortes confirmadas de covid-19 entre brancos até 29 de julho, de acordo com a publicação.
No ano com a estimativa mais recente, 2017, a mortalidade de brancos ajustada por idade nos EUA foi de 899 mortes por 100 mil, afirma Elizabeth Wrigley-Field, responsável pelo estudo, à CNN. Já a proporção de mortos brancos por covid era de cerca de 28 mortes por 100 mil até o final de julho, escreveu ela.
"Na realidade, as próprias mortes por covid-19 já são altamente desproporcionais na população negra do país e quase certamente ampliarão ainda mais a diferença de mortalidade racial. Se a desvantagem negra opera todos os anos na escala da experiência de covid-19 dos brancos, então também deveríamos usar ferramentas nessa escala para combatê-la", afirma a acadêmica.
Em comunidades mais violentas e suscetíveis a crimes movidos por racismo, os homicídios são a maior causa de mortes de homens negros entre 1 e 44 anos nos Estados Unidos. Ao todo, sem recorte de idade, 5% das mortes do grupo são assassinatos, sendo o quarto maior causador delas.
Em homens brancos, homicídios não entram na lista dos primeiros dez causadores, sendo menos de 1,7% das mortes. Os dados são de 2017 do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças).
Para o Dr. Olubukola Nafiu, pediatra ouvido pela CNN, mesmo que o conhecimento sobre a diferença racial nas taxas de mortalidade não seja desconhecido, as pessoas devem ter em mente que essas estimativas são de modelagem estatística e, portanto, podem ficar um pouco distantes da realidade, mas ainda são úteis.
Ele relata várias razões potenciais para as diferenças de saúde entre pessoas negras e brancas: elas vão desde status socioeconômico, acesso a cuidados, status de seguro e qualidade do hospital, até experiência com preconceito e discriminação dos profissionais de atendimento médico.
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