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Variante indiana da covid é 'preocupante', diz Reino Unido

Rohan Aggarwal, 26, um médico residente que trata pacientes com covid, olha o raio-X de um paciente durante seu turno de 27 horas no Holy Family Hospital em Nova Déli, Índia - Danish Siddiqui/Reuters
Rohan Aggarwal, 26, um médico residente que trata pacientes com covid, olha o raio-X de um paciente durante seu turno de 27 horas no Holy Family Hospital em Nova Déli, Índia Imagem: Danish Siddiqui/Reuters

Colaboração para o UOL

07/05/2021 11h50

O PHE (Órgão de Saúde Pública da Inglaterra) vê a disseminação da variante indiana da covid-19 como "preocupante". A cepa, chamada de B.1.617.2, é uma das três que circulam no Reino Unido atualmente.

De acordo com as autoridades, essa mutação inquieta os cientistas porque ela tem uma ou duas alterações em sua proteína spike— dependendo da variante— o que pode significar uma maior resistência do coronavírus a respostas imunológicas do corpo, além de transmissibilidade aumentada.

Os casos de pessoas infectando por essa cepa têm aumentado rapidamente no país.

Ontem, o jornal The Guardian revelou documentos do PHE que mostram 48 casos em escolas secundárias, lares de idosos e reuniões religiosas, com evidências de transmissão comunitária em alguns deles. Os arquivos mostraram que a avaliação do risco contínuo para a saúde pública dessa mutação era "alta" e que ela estava prestes a ser atualizada de uma "variante sob investigação" para uma "variante preocupante".

"Estamos monitorando todas essas variantes extremamente de perto e tomamos a decisão de classificar isso como uma variante de preocupação porque as indicações são de que este VOC-21APR-02 é uma variante mais transmissível", afirmou a diretora estratégica de resposta à covid da PHE, Susan Hopkins.

Outras duas cepas detectadas pela primeira vez na Índia não foram reclassificadas, mas estão sob revisão.

A PHE também divulgou detalhes do número de casos de B.1.617.2 detectados até 5 de maio. O número saltou de 202 para 520 na última semana, sendo cerca de metade ligado a viagens ou pessoas que tiveram contato com alguém que viajou. Esse quantitativo deveria ter ser divulgados ontem, mas houve atraso sob a justificativa de "erro de processamento". No entanto, o documento ao qual The Guardian teve acesso mostrou que a demora se deu por conta de eleições locais.

"Os casos estão espalhados pelo país; no entanto, a maioria dos casos está em duas áreas - o noroeste (predominantemente Bolton) e Londres - e é aqui que estamos vendo a maior transmissão ", disse a PHE.

Dados do Wellcome Sanger Institute apontam que cerca de 24% dos genomas de covid em Bolton sequenciados nas duas semanas por volta de 17 de abril estão relacionados as três variantes da Índia, embora o número real de sequências por semana seja baixo e os cientistas alertem para "ruídos" nos dados.

O professor associado de microbiologia celular da Universidade de Reading, Simon Clarke, disse que o desenvolvimento do vírus não foi um choque, mas é "particularmente preocupante que tenha aparecido em lares de idosos, onde se espera que os residentes tenham sido vacinados".

"Embora pareça que as vacinas podem não ter fornecido o nível de proteção contra a transmissão que esperávamos, ainda não sabemos quão bem sua proteção contra a doença é mantida, mas isso ficará aparente nos próximos dias e semanas", destacou.