Bombardeios de Israel a Gaza matam 8 crianças e derrubam prédio de TV árabe
Uma nova ofensiva israelense contra a Faixa de Gaza matou ao menos dez pessoas hoje em um edifício de três andares no campo de refugiados de Al Shati. Entre as vítimas estavam oito crianças e duas mulheres da mesma família, que foram atingidas dentro de casa, de acordo com socorristas palestinos.
Um segundo bombardeio derrubou um prédio de 12 andares onde funcionavam escritórios da emissora de TV árabe Al Jazeera e da agência americana de notícias AP (Associated Press). Um jornalista foi ferido no ataque, informou a mídia palestina, destroços e estilhaços voaram a dezenas de metros de distância.
Ontem à noite, militares israelenses já haviam anunciado que "alguns elementos proeminentes da organização terrorista Hamas foram atacados em um apartamento usado como infraestrutura terrorista na área de Shati, no norte da Faixa de Gaza".
O governo de Israel afirma que o Hamas, o movimento islâmico que governa o enclave, "usa civis deliberadamente como escudos humanos para proteger suas atividades hostis".
O conflito entre as regiões se intensificou, e os ataques aéreos e lançamentos de foguetes continuaram durante a madrugada. O Exército de Israel disse que mais de 200 foguetes foram lançados apenas durante a noite, dos quais pelo menos 30 voltaram para o enclave palestino.
Bebê é único sobrevivente de ataque
Prédio desaba após bombardeio
Jawad Mehdi, proprietário do edifício al-Jala, informou à agência de notícias AFP que um oficial da inteligência israelense o avisou antes do ataque que ele tinha uma hora para evacuar o prédio. Ele solicitou dez minutos adicionais para os repórteres embalarem seus equipamentos, mas teve o pedido recusado.
Mais cedo, Jon Gambrell, jornalista da agência de notícias AP, escreveu no Twitter que "um ataque israelense destruiu o prédio que abrigava os escritórios da AP em Gaza".
"O Exército avisou o proprietário do prédio onde fica o escritório da AP que o local seria alvo de um bombardeio", escreveu ele pouco antes do ataque.
Jornalistas da AFP viram a torre desabar após ser atingida por vários mísseis.
A rede de televisão Al Jazeera confirmou no Twitter que seus escritórios ficavam neste prédio e transmitiu ao vivo as imagens da torre desabando e sendo reduzida a uma montanha de escombros.
O Exército israelense declarou que equipamentos militares do Hamas estavam na torre atingida por seus caças.
"O prédio também abrigava escritórios de veículos de comunicação civis, atrás dos quais o grupo terrorista Hamas se esconde e que usa como escudos humanos", acrescentou o Exército, alegando ter alertado os civis antes do ataque e "ter-lhes dado tempo suficiente".
Pouco após o ataque, o porta-voz das Brigadas Ezzedin al-Qassam, braço militar do grupo palestino Hamas, anunciou que a reação vai "abalar Israel". "Agora aguardem".
Empresas reagem à ataque israelense
As empresas de mídia que tinham escritório no prédio que desabou regiram fortemente ao ataque israelense. A AP disse estar "chocada e horrorizada" com o episódio.
Este é um acontecimento incrivelmente perturbador. Nós evitamos por pouco terríveis perdas de vidas. O mundo ficará menos informado sobre o que está acontecendo em Gaza por causa do que aconteceu hoje.
Gary Pruitt, chefe da agência AP, em um comunicado
A chefe do escritório da Al Jazeera em Israel e nos Territórios Palestinos, Walid al-Omari, também fez duras crítica à ofensiva israelense.
"É claro que foi decidido não apenas causar destruição e mortes, mas também silenciar aqueles que são testemunhas", disse Al-Omari à AFP.
"Continuaremos nossa cobertura de notícias apesar da destruição (...) Voltaremos ao ar com novos equipamentos", garantiu Safwat al-Kahlout, correspondente do canal em Gaza.
As sedes dos meios de comunicação estavam localizadas nos andares superiores do prédio, enquanto que os demais eram ocupados por escritórios comerciais.
Autoridade palestina pede intervenção dos EUA
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Abu Mazen, apelou para o governo do presidente americano, Joe Biden, para intervir "imediatamente e rapidamente para interromper a agressão israelense antes que as coisas saiam do controle".
O governo israelense é totalmente responsável por esta escalada perigosa, esta tensão e o sangue derramado pelo povo palestino.
Abu Mazen, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina)
O presidente da ANP denunciou "os assassinatos brutais e planejados das forças de ocupação israelenses contra o povo na Faixa de Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém".
Bombardeios já mataram mais de cem pessoas
Desde segunda-feira (10), Gaza tem sido alvo de bombardeios israelenses, enquanto mais de 2.000 foguetes foram disparados do enclave palestino na direção de Israel, metade deles interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro.
O último balanço fornecido pelas autoridades palestinas reporta 139 mortos, incluindo 39 crianças, e mil feridos nos bombardeios contra Gaza. Do lado israelense, há até o momento dez mortos e mais de 560 feridos.
*Com agências intenacionais
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