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Boris Johnson é acusado de negligência em meio ao aumento de casos da covid

Governo Boris Johnson admite aumento de casos, mas descarta volta de restrições - Paul Ellis/AFP
Governo Boris Johnson admite aumento de casos, mas descarta volta de restrições Imagem: Paul Ellis/AFP

Colaboração para o UOL

21/10/2021 10h01Atualizada em 21/10/2021 10h30

O governo de Boris Johnson está sendo acusado pelo sindicato dos médicos do Reino Unido de ser "deliberadamente negligente" no combate de uma nova onda da pandemia de covid-19.

Só nesta semana, o Reino Unido registrou, por duas vezes, quase 50 mil novos casos diários de covid-19, superando a situação na maior parte da Europa. Após o governo suspender quase todas as restrições contra a disseminação do coronavírus, as taxas de hospitalizações e mortes não diminuem substancialmente desde o verão.

"O governo tirou o pé do freio, dando a impressão de que a pandemia ficou para trás e que a vida voltou ao normal", disse a Associação Médica Britânica (BMA, na sigla em inglês).

"É uma negligência intencional do governo de Westminster não tomar qualquer ação adicional para reduzir a propagação da infecção, como o uso obrigatório de máscara, distanciamento físico e requisitos de ventilação em ambientes de alto risco, particularmente em espaços internos lotados", diz o documento. "Essas são medidas que são a norma em muitas outras nações."

Projeção de 100 mil casos diários no inverno

De acordo com a CNN, o secretário de Saúde do Reino Unido, Sajid Javid, admitiu na quarta-feira (20) que os casos diários podem chegar a 100 mil neste inverno, mas disse que o governo não implementaria suas medidas do Plano B "neste momento".

"Graças ao programa de vacinação, sim, a ligação entre casos e hospitalizações e mortes enfraqueceu significativamente. Mas não está interrompida", disse Javid em entrevista coletiva. "Esta pandemia não acabou", acrescentou.

O Serviço Nacional de Saúde (NHS, na sigla em inglês) também divulgou um alerta, sobre o aumento de casos de covid-19 no Reino Unido. Quase 140 mil pessoas morreram vítimas do coronavírus no país, o pior número de mortos na Europa Ocidental e o oitavo maior globalmente.

Volta de restrições

Um alto funcionário do Departamento de Saúde britânico pediu nesta quarta o retorno de algumas restrições contra a covid-19 no país, como o uso de máscaras em espaços fechados, após o aumento de contágios, hospitalizações e mortes, uma opção descartada no momento pelo governo Boris Johnson.

"Já estamos em uma situação na qual as coisas provavelmente devem piorar em duas ou três semanas. Por isso, nós temos que agir de maneira imediata", declarou ao canal Sky News Matthew Taylor, diretor da NHS.

Se o país não adotar medidas, insistiu, a pressão sobre o sistema de saúde aumentará com a chegada do inverno, um período considerado tenso para os hospitais mesmo antes da pandemia.

*Com informações da AFP