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EUA desaconselham viagens à Ucrânia: 'Risco de ofensiva militar russa'

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden - Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o presidente dos EUA, Joe Biden Imagem: Angela Weiss e Alexey Druzhinin/AFP

Weudson Ribeiro

Colaboração para o UOL, em Brasília

20/12/2021 15h37

Em comunicado divulgado hoje, o governo dos Estados Unidos alerta os cidadãos norte-americanos para que não façam viagens à Ucrânia devido à intensa movimentação de tropas da Rússia na fronteira com o país do leste europeu. Segundo a nota, há "relatos" de que Moscou —sede do governo russo— planeja uma ofensiva militar no território ucraniano.

"Os cidadãos norte-americanos devem estar cientes de relatos de que a Rússia planeja ação militar significativa contra a Ucrânia. Cidadãos norte-americanos também são lembrados de que as condições de segurança, particularmente ao longo das fronteiras da Ucrânia, na Crimeia ocupada pela Rússia e no leste da Ucrânia controlado pela Rússia, são imprevisíveis e podem se deteriorar rapidamente", diz o Departamento de Estado, em nota publicada hoje.

O governo dos EUA, que proíbe seus funcionários de viajarem para a Crimeia, alertou ainda que, caso a crise entre Rússia e Ucrânia se agrave, o governo norte-americano não poderá garantir serviços de emergência para cidadãos estadunidenses na região.

"Quem decidir viajar para a Ucrânia deve estar ciente de que a ação militar russa em qualquer lugar na Ucrânia afetaria seriamente a capacidade da embaixada dos Estados Unidos na região de fornecer serviços consulares, incluindo assistência aos cidadãos norte-americanos para fugir da Ucrânia", destaca o governo norte-americano.

O aviso ocorre em um momento em que a Rússia tem reunido tropas ao longo das fronteiras da Ucrânia —o que, segundo as autoridades norte-americanas, pode indicar que o presidente russo, Vladimir Putin, esteja se preparando para uma invasão, sete anos depois de anexar a Crimeia.

Apesar de manter cerca de 100 mil soldados próximos às fronteiras ucranianas, Putin nega intenções de invadir o país.

Os esforços do presidente dos EUA Joe Biden para aliviar as tensões —ameaçando a Rússia com sanções econômicas— até agora não convenceram o Kremlin a recuar. Enquanto isso, os legisladores norte-americanos pressionam a Casa Branca e o Departamento de Defesa para aumentar a ajuda bélica à Ucrânia, em uma tentativa de conter a crise.

No último mês, a Rússia realizou exercícios em grande escala perto da fronteira com a Ucrânia e na Crimeia anexada, causando preocupações. Kiev, em resposta, disse hoje que estava buscando mais ajuda militar do Ocidente contra uma possível tentativa de golpe militar do Kremlin.

Vídeos que circularam nas redes sociais mostravam movimento de tropas, tanques e mísseis russos em direção à fronteira com a Ucrânia. "A agressividade da Rússia, tanto diplomática quanto militar, aumentou consideravelmente nas últimas semanas", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, em entrevista a jornalistas em novembro.

Interferência do Ocidente agrava crise, diz Putin

Putin afirma que o Ocidente está "agravando" o conflito na Ucrânia, ao realizar exercícios militares no Mar Negro: "Nossos parceiros ocidentais estão agravando a situação, fornecendo a Kiev armas modernas letais e conduzindo manobras militares ousadas no Mar Negro."

Em conversa com o presidente francês, Emmanuel Macron, em novembro, o presidente russo descreveu como "provocação" as manobras militares realizadas pelos EUA e pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) na região.

O Mar Negro é uma região importante para a Rússia, que controla a península da Crimeia depois de anexá-la da Ucrânia em 2014. Desde então, Kiev tem travado um conflito com rebeldes pró-Rússia no leste do país, que já custou mais de 13 mil vidas.

Especulações ocidentais sobre os planos da Rússia no leste da Ucrânia surgiram em meio a um confronto sobre uma crise de imigrantes na fronteira com Belarus, alinhada ao Kremlin, e a Polônia, membro da UE. Na conversa, Macron disse a Putin que Paris estava pronta para defender a integridade territorial da Ucrânia, segundo informou o Palácio do Eliseu.