Primeiro-ministro do Cazaquistão renuncia após protestos por aumento do gás
O primeiro-ministro do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, renunciou hoje ao governo após violentos protestos realizados na cidade de Almaty, capital econômica do país. A renúncia de Tokayev foi aceita pelo presidente Kassym Jomart Tokayev, que ainda declarou estado de emergência até o dia 19 em Almaty e Mangystau, região petrolífera que fica no oeste do país.
Os protestos no Cazaquistão começaram no domingo (2), em Mangystau, após a suspensão do controle nos preços do GLP (gás liquefeito de petróleo). O governo alegou que o preço regulado estava causando prejuízos aos produtores. O país é um grande exportador de petróleo e gás. O movimento se espalhou para Aktau, grande cidade regional às margens do Mar Cáspio, até chegar a Almaty.
Na noite de ontem, cerca de 5 mil manifestantes se concentraram na principal praça de Almaty contra a nova política no preço do combustível. A polícia usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
Já nesta quarta-feira, os manifestantes se dirigiram à sede do governo local. O grupo conseguiu romper o cordão de isolamento formado pela polícia e invadir diversos prédios públicos.
Uma transmissão ao vivo feita no Instagram por um blogueiro cazaque mostrou um incêndio no gabinete do prefeito de Almaty, com tiros sendo ouvidos nas proximidades. Vídeos postados online também mostraram um incêndio no escritório do promotor da região.
O Ministério do Interior disse que prédios do governo também foram atacados nas cidades de Shymkent e Taraz, no sul do país, durante a noite de ontem, com 95 policiais feridos nos confrontos. A polícia deteve mais de 200 pessoas.
O departamento de saúde de Almaty disse que 190 pessoas procuraram ajuda médica, incluindo 137 policiais. As autoridades municipais pediram para que os moradores fiquem em casa.
Na tarde desta quarta-feira, correspondentes da AFP em Almaty viram alguns homens de uniforme policial jogando seus escudos e capacetes no chão e abraçando os manifestantes. "Passaram pro nosso lado", gritava uma mulher.
Manifestações não previamente autorizadas pelas autoridades são proibidas no Cazaquistão, uma antiga república soviética autoritária, mas também a principal economia da Ásia Central.
* Com informações da AFP e Reuters
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