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Cazaquistão congelará preços dos combustíveis por 6 meses após protestos

Do UOL, em São Paulo

06/01/2022 09h17Atualizada em 06/01/2022 09h38

O governo do Cazaquistão anunciou, nesta quinta-feira (6), que vai impor, durante seis meses, um limite para os preços de venda dos combustíveis, em meio à escalada das manifestações contra o aumento do preço do gás, que se tornam mais violentas.

Esta medida busca "estabilizar a situação socioeconômica" neste país da Ásia Central, onde os protestos já deixaram dezenas de mortos e mais de mil feridos. De acordo com agências de notícias, mais de 2 mil pessoas foram detidas.

A polícia havia anunciado nesta quinta-feira (6) ter matado "dezenas" de manifestantes em mais uma noite de protestos no Cazaquistão. Eles teriam invadido prédios públicos em Almaty, a maior cidade do país. Ontem, uma onda de revolta popular derrubou o governo e fez o presidente decretar estado de emergência e um toque de recolher no país.

O movimento popular explodiu no domingo, em resposta ao aumento dos preços do gás e dos combustíveis no Cazaquistão anunciado no dia anterior. De uma só vez, o governo dobrou os valores de venda. Os numerosos protestos fizeram o presidente Kassym-Jornart Tokaiev voltar atrás, mas já era tarde demais.

A população conflagrada já tinha outras reivindicações: a mudança do regime político, a eleição direta dos governos locais, o fim das prisões arbitrárias, a redução da desigualdade.

Na quarta-feira (5), os protestos em Almaty, com a ocupação de prédios públicos por manifestantes e o cerco ao aeroporto marcaram um ponto de virada. Por toda a cidade, teve início uma onda de saques.

Diante do caos, a Rússia e seus aliados na Organização do Tratado de Segurança Coletiva anunciaram o envio de uma "força de paz" para o Cazaquistão, a pedido do país da Ásia Central, antiga nação da União Soviética.

Até o momento, Tokaiev não conseguiu conter os protestos, apesar de ter derrubado o governo, decretado estado de emergência em todo o país e imposto um toque de recolher noturno.

Dezenas de mortos

Pela manhã desta quinta, o porta-voz da polícia Saltanat Azirbek afirmou, segundo a mídia local, que "dezenas" de manifestantes foram mortos quando tentavam invadir edifícios administrativos e delegacias de polícia. O oficial chamou os manifestantes de terroristas.

"Ontem à noite, forças extremistas tentaram invadir edifícios administrativos, o departamento de polícia da cidade de Almaty, bem como departamentos e delegacias locais", disse. De acordo com ele, uma operação "antiterrorista" estava em andamento em um dos distritos de Almaty.

Imagens transmitidas pela televisão e em redes sociais mostraram cenas de caos com lojas saqueadas e alguns edifícios administrativos invadidos e queimados em Almaty.

Na praça principal de Almaty, uma grande quantidade de carros blindados e dezenas de soldados foram enviados para conter uma nova manifestação contra o governo que começava logo pela manhã de quinta. Jornalistas da agência Reuters afirmam ter ouvido tiros nesta região central da maior cidade do Cazaquistão.

De acordo com a televisão pública do país, o Banco Central suspendeu as atividades de todo o sistema financeiro.

O acesso à internet no país continua cortado, desde quarta-feira. E a rede de telefones também parece não funcionar.