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Johnson não acredita que tenha burlado regras contra covid, diz secretário

Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, admitiu ontem que esteve em festa durante lockdown, mas não acredita que tenha quebrado as regras contra covid - Paul Ellis/AFP
Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, admitiu ontem que esteve em festa durante lockdown, mas não acredita que tenha quebrado as regras contra covid Imagem: Paul Ellis/AFP

Do UOL, em São Paulo*

13/01/2022 08h39Atualizada em 13/01/2022 10h39

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, não acredita que tenha burlado regras contra a covid-19 ao participar de uma festa organizada nos jardins de Downing Street (residência oficial e o escritório do premiê) durante o lockdown, segundo o secretário da Irlanda do Norte, Brandon Lewis.

A informação foi divulgada hoje pelo jornal The Guardian. Ontem, ao Parlamento, Boris Johnson pediu desculpas por participar do evento, que ele julgava ser uma reunião de trabalho.

"O primeiro-ministro destacou que não acredita ter feito nada fora das regras. Se aguardarem a investigação, as pessoas poderão ter sua própria opinião sobre isso", afirmou Lewis em referência ao relatório da secretária Sue Gray, que conduz a investigação sobre o caso e deve divulgar um relatório nas próximas duas semanas.

O premiê foi bombardeado ontem após a informação de que seu secretário havia convidado mais de 100 pessoas para uma festa onde "cada um leva sua bebida" no jardim da residência oficial durante o primeiro lockdown contra o coronavírus.

Johnson e sua companheira Carrie estavam entre os 40 funcionários que apareceram para a festa no jardim de Downing Street no dia 20 de maio de 2020. Na época, pubs e restaurantes estavam fechados e havia rígidos controles sobre reuniões sociais. Pessoas estavam proibidas de se despedir pessoalmente de parentes que estavam morrendo.

Segundo o ministro irlandês, Boris Johnson foi "muito, muito sincero" ao se desculpar. "Ele [Boris Johnson] reconhece a raiva, o aborrecimento e a frustração que as pessoas sentem pelo que acreditam que aconteceu. Ele reconhece isso e assume a responsabilidade. Qualquer um que assistir ao que ele disse poderá claramente ver que foi muito, muito sincero".

Futuro de Boris Johnson é incerto

O cargo do primeiro-ministro britânico está ameaçado após pedidos do próprio Partido Conservador para que ele renuncie. Ministros importantes expressaram apoio ao líder, embora a imprensa tenha dito que o apoio do ministro das Finanças, Rishi Sunak, visto como um possível sucessor de Johnson, pareceu morno.

Outros foram mais diretos. O líder dos Conservadores da Escócia, ao lado de outros parlamentares importantes, pediu a renúncia de Johnson, dizendo que sua posição era insustentável.

"O clima não é ótimo", disse o Conservador membro do Parlamento Jake Berry à rádio BBC. "Há muita preocupação entre meus colegas sobre os danos que essas revelações estão fazendo ao Partido Conservador. Mas acredito que ontem foi um ponto de virada nas opiniões".

Uma série de escândalos, incluindo acusações de corrupção, ou desonestidade em benefício próprio, irritaram o público e a condução do governo na pandemia de covid-19 tem sido amplamente criticada.

Uma pesquisa YouGov para o jornal The Times, realizada antes do pedido de desculpas de Johnson, colocou o Partido Trabalhista com 10 pontos percentuais de vantagem à frente dos Conservadores, cuja liderança evaporou.

Premiê cancela viagem em meio a escândalo

Um dia após o depoimento no Parlamento, Boris Johnson cancelou uma viagem ao norte da Inglaterra alegando que um familiar testou positivo para a covid-19.

Na Inglaterra, pessoas totalmente vacinadas não precisam mais fazer quarentena após entrar em contato próximo com um infectado, mas, segundo a recomendação, é aconselhado "limitar o contato próximo com outras pessoas fora de seu núcleo familiar".

"O primeiro-ministro não visitará Lancashire hoje porque um familiar deu positivo ao coronavírus", anunciou um porta-voz de Downing Street. "Seguirá a recomendação para casos de contatos vacinados, incluindo os testes diários e a limitação de contatos com outras pessoas."

*Com informações de AFP e Reuters