Bolsonaro cita 'contato excepcional' com Putin e desautoriza Mourão
O presidente Jair Bolsonaro (PL) citou um "contato excepcional" que manteve com o presidente russo, Vladimir Putin, em sua viagem feita no início do mês, e desautorizou o vice-presidente Hamilton Mourão a falar em nome do governo sobre a crise que atinge o Leste Europeu. Bolsonaro foi duro ao dizer que somente o presidente da República deve se manifestar sobre o assunto.
Deixar bem claro. O artigo 84 da Constituição diz que quem fala sobre assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo respeito à essa pessoa que falou isso, e eu vi as imagens, falou mesmo, está falando algo que não deve. Não é de competência dela. É de competência nossa. Presidente Jair Bolsonaro
"Nós somos da paz. Nós queremos a paz. Viajamos em paz para a Rússia, fizemos um contato excepcional com o presidente Putin. Acertamos a questão de fertilizantes para o Brasil. Somos dependentes de fertilizantes da Rússia, da Bielorrusia, em grande parte desses países. E o país mais importante do mundo chama-se Brasil. Tudo que tiver a nossa alcance nós faremos pela paz, acrescentou.
Bolsonaro se irritou porque, mais cedo, em conversa com repórteres em Brasília, Mourão defendeu a soberania da Ucrânia, apoiou o uso da força na região para conter os russos e comparou o presidente Putin ao ditador alemão nazista Adolf Hitler (1889-1945).
"O mundo ocidental tá igual ficou em [19]38 com o Hitler, na base do apaziguamento, e o Putin não respeita o apaziguamento", afirmou ele a jornalistas nesta manhã. "O Brasil não está neutro. O Brasil deixou muito claro que respeita a soberania da Ucrânia."
A Rússia ignorou os apelos feitos pela comunidade internacional e resolveu atacar a Ucrânia, conforme anúncio feito por Putin, na noite de ontem, depois de quatro meses de tensão com o Ocidente.
Em seu comentário, Mourão afirmou ainda que não é possível permitir que o governo russo invada o país vizinho, para não se repetir o que aconteceu na Segunda Guerra Mundial, entre 1939 e 1945.
"Se o mundo Ocidental deixar que a Ucrânia caia por terra, o próximo será a Moldávia. Depois, os estados bálticos, e assim sucessivamente, igual à Alemanha hitlerista fez no final dos anos 30."
O vice-presidente disse que sanções econômicas contra a Rússia são insuficientes para contornar o problema. Para ele, o método deve ser o uso da força.
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