ONU se diz preocupada com possível 'conflito nuclear' com guerra na Ucrânia
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, disse hoje que está preocupado com um possível "conflito nuclear" por causa da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
"A proximidade de conflito nuclear, que era inconcebível, hoje está nas possibilidades das realidades", disse Guterres, em coletiva de imprensa.
No dia 27 de fevereiro, três dias após o início do conflito no leste europeu, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ter colocado as forças nucleares do país em alerta máximo. Durante a invasão à Ucrânia, os russos tomaram as usinas nucleares de Chernobyl (ao norte do país) e Zaporizhia (ao sul).
Sobre a decisão de Putin sobre suas forças nucleares, o governo dos Estados Unidos a classificou como "totalmente inaceitável" e o secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg, chamou a atitude de Moscou de "irresponsável". O presidente norte-americano, Joe Biden, contudo, disse que os americanos não deveriam se preocupar com uma possível guerra nuclear.
"É hora de parar o sofrimento que está sendo lançado sobre o povo da Ucrânia e voltar à mesa diplomática. Outros países como Alemanha, França, Israel e Turquia estão moderando e mediando a guerra. Essa tragédia precisa parar. Nunca é tarde para voltar à diplomacia e ao diálogo. As negociações precisam ser retomadas de acordo com a carta da ONU e a lei internacional", pediu Guterres.
'Prudência' sobre zona de exclusão aérea
Perguntado se concorda com o pedido do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que a Otan estabeleça uma zona de exclusão militarizada aérea incluindo o país, Guterres foi cauteloso. Para ele, essa é uma questão que precisa ser avaliada com "prudência".
"Essa é uma questão que está sendo analisada por vários países. Essa possibilidade é vista como um risco de intensificação da guerra que poderia levar a um conflito global. E é baseado nessa análise que acho que temos que ter prudência, mesmo que eu entenda a solicitação dramática que a Ucrânia faz", disse Guterres.
Zelensky tem pedido à Otan a adoção da zona de exclusão para que nenhuma aeronave militar russa sobrevoe o país. A organização militar, no entanto, reluta em aceitar o pedido, já que a medida poderia ser vista pela Rússia como uma declaração de guerra.
Neste domingo (15), citando o ataque aéreo a uma área militar em Lviv, a cerca de 30 km da fronteira com a Polônia, integrante da Otan, o presidente ucrnaiano afirmou que países membros da organização podem ser atacados pelos russos, caso a medida não seja adotada.
"Digo novamente, se não fecharem nossos céus, é só questão de tempo para os mísseis russos caírem sobre o seu território, sobre o território da Otan, nas casas de cidadãos de países da Otan", disse Zelensky.
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