Topo

Guerra da Rússia-Ucrânia

Notícias do conflito entre Rússia e Ucrânia


Esse conteúdo é antigo

Rússia acusa EUA de atrapalharem as 'difíceis' negociações com a Ucrânia

Do UOL, em São Paulo*

23/03/2022 07h09Atualizada em 23/03/2022 11h22

A Rússia acusou o governo dos Estados Unidos de atrapalhar as "difíceis" negociações com a Ucrânia e considerou que o objetivo de Washington é "dominar" a ordem mundial, usando inclusive as sanções para alcançar a meta. O conflito completa hoje 28 dias e, embora negociadores de Rússia e Ucrânia estejam conversando regularmente, os dois lados dizem que um acordo está distante.

"As negociações são difíceis, o lado ucraniano muda constantemente de posição. É difícil evitar a impressão de que nossos colegas americanos estão segurando as mãos deles", disse o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em um discurso a estudantes em Moscou.

"Os americanos partem simplesmente do princípio de que não é proveitoso para eles que este processo termine rapidamente", acrescentou.

"Muitos gostariam de garantir que as negociações entrem em um beco sem saída", disse o chefe da diplomacia russa, que citou a Polônia, um dos principais apoiadores da Ucrânia.

"Os países ocidentais querem desempenhar o papel de mediadores. Não somos contrários, mas temos linhas vermelha", continuou Lavrov.

O ministro russo também criticou os países ocidentais que estão "lotando a Ucrânia de armas" destinadas, segundo Lavrov, a "manter pelo maior tempo possível" Moscou e Kiev em um "estado de combate".

O chanceler também afirmou que as sanções ocidentais anunciadas contra o país desde o início da ofensiva na Ucrânia têm o objetivo de "suprimir a Rússia como o obstáculo a um mundo unipolar".

"Isso tudo não pela Ucrânia, e sim pela ordem mundial que os Estados Unidos querem dominar", completou.

Já o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que as negociações com a Rússia têm sido "difíceis, às vezes escandalosas, mas avançamos passo a passo".

Zelensky disse estar pronto para discutir com o presidente russo, Vladimir Putin, uma saída para o conflito. O presidente ucraniano disse esperar que o líder russo concorde negociar diretamente com ele, incluindo questões ligadas à Crimeia (anexada em 2014) e à Donbass (região separatista reconhecida apenas por Moscou), mas com "garantias de segurança".

Rússia: 'Militarização da Ucrânia ameaça segurança'

O embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, também criticou o envio de armas para as forças ucranianas, que são atacadas pela Rússia há um mês. "A militarização da Ucrânia representa uma ameaça direta à segurança europeia e global", disse, segundo relato divulgado pela embaixada, falando sobre o risco de armas caírem nas "mãos de terroristas."

Ontem, o porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, já havia dito que a Rússia pode usar armas nucleares em caso de "ameaça existencial".

A Ucrânia aposta em uma "defesa circular" de Mariupol, cidade portuária considerada estratégica e que está sitiada praticamente desde o início do conflito. Segundo o presidente ucraniano, a cidade "está em ruínas".

Após um toque de recolher de 35 horas, a tensão continua na capital ucraniana, Kiev, que teve mais relatos de destruição. A prefeitura informou hoje que casas e prédios ficaram em chamas após o distrito de Shevchenkivskyi ser atingido.

Hoje, haverá ao menos nove corredores de evacuação em quatro regiões do país, segundo o governo ucraniano: nas áreas de Donetsk, Zaporizhzhia, Kiev, e Lugansk.

* Com AFP e Reuters