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Guerra da Rússia-Ucrânia

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Zelensky diz estar pronto para discutir com Putin 'tudo o que incomoda a Rússia'

Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz estar pronto para discutir uma saída para a guerra com o russo Vladimir Putin - Presidência da Ucrânia/AFP
Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, diz estar pronto para discutir uma saída para a guerra com o russo Vladimir Putin Imagem: Presidência da Ucrânia/AFP

Da RFI

22/03/2022 05h52Atualizada em 22/03/2022 09h57

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, diz estar pronto para discutir uma saída para a guerra com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Quase um mês após o início da invasão, o presidente ucraniano disse, pela primeira vez, estar aberto a "tentar abordar tudo o que incomoda e desagrada a Rússia".

Zelensky se declarou pronto para discutir com Putin, se o líder russo concordar em negociar diretamente com ele, incluindo questões ligadas à Crimeia (anexada em 2014) e ao Donbass (região separatista reconhecida apenas por Moscou), mas com "garantias de segurança".

"A questão da Crimeia e do Donbass é uma história muito difícil para todos. Precisamos de garantias de segurança e o fim das hostilidades", disse Zelensky em uma entrevista ocorrida na noite de segunda-feira (21). Zelensky ainda disse que não queria que "a história os tornasse heróis" e tratasse de "uma nação que não existe mais", insistindo que a Ucrânia seria "destruída antes de se render".

Várias tentativas de diálogo entre Kiev e Moscou foram realizadas pessoalmente e por videoconferência, desde o início da guerra, sem nenhum resultado por enquanto.

Nesta terça-feira (22), autoridades ucranianas acusaram as forças russas de dispararem contra manifestantes desarmados na cidade ocupada de Kherson, no sul do país, fazendo ao menos um ferido.

Vídeos postados nas redes sociais mostram os moradores de Kherson fugindo de bombas de efeito moral e balas. "Os invasores dispararam contra as pessoas que foram às ruas pacificamente, sem armas, protestar pela liberdade, a nossa liberdade", declarou o presidente Volodymyr Zelensky.

Dezenas de homens e mulheres envoltos na bandeira azul e amarela da Ucrânia gritavam "voltem para casa" e "glória à Ucrânia", antes que as forças de segurança disparassem bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Soldados russos foram vistos disparando para o ar, sem indícios de que suas armas tenham sido direcionadas diretamente aos civis.

No entanto, as imagens divulgadas mostraram um grupo de pessoas dando assistência a um homem que estava atordoado e sangrando. Uma testemunha disse que a perna do idoso estava "gravemente ferida" e que ele "perdeu muito sangue", acrescentando que os médicos estavam tratando de feridos e que "eles não corriam risco de morrer".

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, postou um vídeo do incidente no Twitter. "Em Kherson, criminosos de guerra russos atiraram em pessoas desarmadas que protestavam pacificamente contra os invasores", afirmou.

Kherson, que antes da guerra contava com quase 300 mil habitantes, foi a primeira grande cidade ucraniana a ser tomada pelas forças russas, logo na primeira semana da invasão. A população organizou várias manifestações contra o domínio russo, contradizendo a versão russa de que a cidade havia sido "libertada".

A capital ucraniana Kiev acordou sob um novo toque de recolher que entrou em vigor às 20h de segunda-feira e vai até as 7h de quarta-feira (23). O balanço de perdas foi atualizado pelo prefeito: "65 moradores pacíficos de Kiev, incluindo quatro crianças, morreram" e cerca de 300 pessoas, incluindo 16 crianças, foram feridas em "bombardeio militar russo", afirmou Vitali Klitschko.

Biden teme uso de armas químicas

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na segunda-feira que está "claro" que a Rússia considera o uso de armas químicas e biológicas na Ucrânia, alertando que tal medida levaria a uma resposta "difícil" do Ocidente.

O fim desta semana será marcado por uma intensa atividade diplomática. Na quinta-feira (24), Biden participará de uma cúpula extraordinária da Otan, em Bruxelas, de uma reunião do G7 e uma cúpula da União Europeia, antes de viajar na sexta-feira (25) para a Polônia, principal país de chegada de refugiados ucranianos.

Nesta segunda-feira, o presidente dos EUA e o presidente da França, Emmanuel Macron, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, o chanceler alemão, Olaf Scholtz, e o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, conversaram por videoconferência. Eles discutiram, em particular, a "crítica situação em Mariupol e a urgência de obter acesso sem obstrução de ajuda humanitária", indicou a Presidência francesa.

O Ministério das Relações Exteriores da França anunciou o envio, nesta segunda-feira, de 55 toneladas de equipamentos médicos, computadores, leite para crianças e geradores para a Ucrânia, via a Polônia.

(Com informações da AFP)