Geleira cede na Antártida após onda de calor elevar temperaturas em 40ºC
Uma geleira gigante desmoronou após uma onda de calor atingir o leste da Antártida na última semana. Segundo a MetSul, a massa de ar aumentou em 40ºC as temperaturas na região.
A plataforma de gelo, conhecida como Conger, tinha uma superfície de aproximadamente 1,2 mil quilômetros quadrados. O desabamento ocorreu no dia 15 de março, de acordo com dados de satélites. No entanto, apenas agora os cientistas conseguiram confirmar a ocorrência.
As plataformas de gelo ficam flutuando sobre o oceano e são um termômetro para medir as mudanças climáticas no planeta. Sem elas, pode ocorrer o aumento no nível do mar.
Pesquisadores já haviam demonstrado preocupação com a temperatura elevada na região e as consequências que o fenômeno poderia trazer para as coberturas de gelo. A Estação Vostok, base de pesquisas da Rússia, Estados Unidos e França, que já registrou a temperatura mais baixa do planeta (-89,2ºC, em 21 de janeiro de 1983), atingiu na sexta-feira passada (18) a temperatura máxima de -17,7ºC.
Além dela, outras estações também tiveram recordes de máximas absolutas. Em Concordia, que tem 3234 metros de altitude, a temperatura chegou a -11,5ºC, um valor muito acima do normal. A estação Dome C II, a 3250 metros, também teve um registro muito mais alto que o comum: a máxima foi de -10,1ºC.
Ao jornal britânico The Guardian, Catherine Colello Walker, cientista da Nasa e da Woods Hole Oceanographic Institution, afirmou que, apesar da geleira Conger ser relativamente pequena comparado com as demais da região, esse "é um dos eventos de colapso mais significativos em qualquer lugar da Antártida desde o início dos anos 2000, quando a plataforma de gelo Larsen B se desintegrou".
"Provavelmente não terá grandes efeitos, mas é um sinal do que pode estar por vir", antecipou.
"Colapso completo da plataforma de gelo Conger da Antártida Oriental (aproximadamente1200 km2) em 15 de março, visto na combinação de imagens Landsat e MODIS. É possível que tenha atingido seu ponto de inflexão seguindo o Antarctic AtmosphericRiver e a onda de calor também?", disse Catherine em postagem.
A geleira Conger já estava em processo de encolhimento desde os anos 2000. No entanto, segundo Walker, foi a partir de 2020 que se observou essa mudança de forma mais gradual. No dia 4 de março, ela já estava reduzida à metade em comparação à janeiro.
Ainda, segundo o The Guardian, além do colapso de Conger, ainda houve eventos de desintegração nas geleiras de Totten e Glenzer.
"Os últimos 4,5 anos da plataforma de gelo Conger, agora em colapso, na Antártida Oriental, como visto pelo Sentinel1"
O professor Andrew Mackintosh, chefe da escola de terra, atmosfera e meio ambiente da Universidade Monash, na Ausstrália, afirmou que as plataformas de gelo perdem massa de forma natural, mas que o desmoronamento é um evento incomum. "Isso parece ser um colapso e não um comportamento normal", afirmou ele.
"O colapso em si, no entanto, pode ter sido causado pelo derretimento da superfície como resultado das temperaturas extremamente quentes registradas recentemente nesta região. Mais evidências são necessárias para vincular esse colapso ao aquecimento recente."
Matt King, que lidera o Centro Australiano de Excelência em Ciência Antártica, disse que como as plataformas de gelo já estão flutuando, o rompimento da plataforma de gelo Conger não afetaria muito o nível do mar. "Veremos mais plataformas de gelo se romperem no futuro com o aquecimento global. Veremos enormes plataformas de gelo - muito maiores do que esta - se rompendo. E essas retém muito gelo - o suficiente para elevar seriamente o nível do mar global", pontuou.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.