Brasileiros a caminho de alistamento na Ucrânia estão sumidos há 5 dias
Dois brasileiros que pretendiam se alistar a tropas ucranianas para lutar na guerra contra a Rússia estão desaparecidos há cinco dias, de acordo com informações de pessoas próximas a um deles. O último contato ocorreu na sexta-feira (1º) pouco depois de chegarem a Varsóvia, capital da Polônia. Dali, planejavam seguir para a fronteira com a Ucrânia.
O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) fala em "possível desaparecimento" de brasileiros em território polonês. Questionado sobre a identificação, o órgão informou manter o direito à privacidade dos cidadãos.
"O Itamaraty, por meio de sua Embaixada em Varsóvia, tomou conhecimento de possível desaparecimento de nacionais na Polônia e está à disposição para prestar toda a assistência consular cabível aos familiares", disse o Itamaraty em nota.
O UOL conversou com amigos e pessoas que tiveram contato, por mensagens no celular, com o ex-militar da Marinha Vinicius de Andrade.
Ele viajou com um amigo —não identificado— e chegou a enviar a própria localização, na região central de Varsóvia, na sexta-feira (1º). Na sequência, disse estar cansado e revelou o plano de deslocamento para Lviv, cidade ucraniana na fronteira com a Polônia, onde combatentes voluntários são recrutados pela Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia.
"Ônibus para Lviv e trem para Kiev [capital ucraniana]".
À noite, Vinícius trocou mensagens com um outro brasileiro que se identifica como aliado das tropas ucranianas na guerra enquanto planejava seguir em direção à fronteira com o país vizinho.
Na ocasião, disse que tinha instalado no celular o aplicativo de uma empresa de caronas que também funciona na Polônia.
O homem que o aguardava, que diz estar na Ucrânia há duas semanas, desaconselhou o uso do aplicativo no país, sob a alegação de que não seria seguro.
"Mano, não confia em [nome do aplicativo de transporte por aplicativo] aqui".
Nas mensagens, este homem que o aguardava dizia estar preocupado. Ele alegava estar à espera dos colegas para que pudessem se alistar junto às tropas ucranianas em conflito.
Mensagem em idioma local
No dia seguinte —sábado (2)—, as mensagens enviadas ao número de Vinícius foram respondidas por outra pessoa com um atraso de mais de 12 horas, preocupando quem monitorava a viagem do ex-militar.
"Vinicius, estou preocupada com você", escreveu uma amiga.
"Pelo menos dá notícia. Geral preocupado. Precisamos saber onde você está para lhe buscar", registrou o brasileiro que o esperava.
As respostas, em português, ignoraram pedidos por fotos do ex-fuzileiro, sob a alegação de que ele estaria "dormindo".
Além disso, as mensagens eram parcialmente incompreensíveis e pareciam ter sido traduzidas com o auxílio de algum aplicativo.
Em uma delas, o texto foi escrito no alfabeto cirílico para se referir à cidade ucraniana de Lviv, destino combinado pelos brasileiros como ponto de encontro.
Em seguida, os perfis mantidos em nome de Vinicius de Andrade no Instagram e no Facebook foram excluídos das redes sociais.
Do monitoramento ao sumiço
Antes de viajar para a Polônia, Vinicius de Andrade enviou para a amiga fotos enquanto comprava equipamentos militares para serem usados após o recrutamento junto às tropas ucranianas.
Na noite de 30 de março, ele informou ter embarcado do aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, rumo a Paris, capital francesa.
"O comandante tá chegando!", repetiu, aos risos, em um vídeo com a vista do voo. Da França, ele contou que partiu para Polônia e, depois, não foi mais localizado.
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