Chamar homem de 'careca' é assédio sexual, decidem juízes ingleses
Um tribunal britânico decidiu que chamar um homem de careca pode se configurar como assédio sexual, segundo o jornal britânico The Telegraph. O caso curioso ocorreu em Sheffield, na Inglaterra, com juízes que lamentaram as próprias perdas de cabelo no parecer de um processo trabalhista em que comentários sobre a aparência pessoal e a falta de cabelo de um funcionário teriam passado dos limites. O caso deve abrir precedente para outros indivíduos na Justiça do Reino Unido.
Segundo a publicação, um juiz trabalhista concluiu que "a perda de cabelo é muito mais prevalente entre os homens do que entre as mulheres, então usá-lo para descrever alguém é uma forma de discriminação".
A decisão foi emitida pelos três juízes, que, no julgamento, usaram suas próprias condições para falar do resultado. O parecer foi favorável a Tony Finn, que acusou o ex-supervisor Jamie King, 30 anos mais novo, de assédio sexual por tê-lo chamado de careca em julho de 2019, um ano e meio antes de ser demitido, em maio de 2021.
Liderado pelo juiz Jonathan Brain, o painel de juízes deliberou que comentar sobre a calvície era um insulto ou, até mesmo, um assédio e comparou situações vividas por mulheres ao caso masculino. "Temos poucas dúvidas de que ser referido dessa maneira pejorativa era uma conduta indesejada no que dizia respeito ao senhor Finn."
Devido à calvície ser mais comum entre os homens, os juízes concluíram que "há uma conexão entre a palavra 'careca', por um lado, e a característica protegida do sexo, por outro'. Nós achamos que está inerentemente relacionado ao sexo".
Equivalência ao corpo feminino
Para rebater o argumento da empresa de que tanto mulheres quanto homens podem ser carecas, o painel de juízes citou um caso anterior em que um homem assediou sexualmente uma mulher ao comentar sobre o tamanho de seus seios.
O tribunal comparou os dois casos. "É muito mais provável que uma pessoa que recebe um comentário como o que foi feito nesse caso seja uma mulher e que, da mesma forma, é muito mais provável que uma pessoa que recebe uma observação como a feita por King seja do sexo masculino."
Ganho de causa
Finn foi demitido por má conduta após o filho policial relatar o episódio no jornal da Polícia de West Yorkshire. Os donos da empresa acreditaram que ele havia denunciado o incidente como crime. O tribunal julgou que o desligamento foi injusto, porque a empresa não esperou a polícia responder o envolvimento deles no episódio.
Ele ganhou acusações de demissão injusta e de ser submetido a assédio sexual, mas perdeu uma ação adicional por discriminação por idade, depois que o tribunal decidiu que King não o chamou de "velho", mas simplesmente de "careca".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.