México ameaça processar Google por mudar nome do Golfo do México em mapa
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, ameaçou nesta quinta-feira (13) processar o Google, que detém 90% do mercado de buscas online, por mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América" a pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
"De fato, temos uma disputa com o Google no momento (...) E, se necessário, tomaremos medidas civis", disse a presidente mexicana em sua coletiva de imprensa matinal.
Física de formação, a presidente de esquerda apontou erros na forma como a subsidiária da Alphabet realizou a mudança de nome após um decreto recente do presidente dos EUA, Donald Trump.
Sheinbaum explicou que a solicitação do presidente dos EUA se referia apenas à parte da plataforma continental sob a soberania dos EUA, e não a todo o Golfo.
Ela disse que o Ministério das Relações Exteriores do México enviou uma carta ao Google explicando por que eles estavam cometendo um erro e também apontando o que o decreto assinado por Trump e os padrões internacionais sobre o assunto estipulam.
A empresa, no entanto, manteve sua posição, mas a presidente mexicana disse que "se eles continuarem a insistir, nós também insistiremos (...), estamos até considerando uma reclamação".
Ela também ressaltou que, embora o Google seja uma empresa privada, tornou-se uma referência internacional pela cartografia que produz para todo o planeta.
"O que estamos dizendo ao Google é: reveja a ordem executiva emitida pela Casa Branca e assinada pelo presidente Trump. Você verá nesse decreto que ele não se refere a todo o Golfo, mas à plataforma continental", acrescentou Sheinbaum.
Jornalistas boicotados por não usarem "Golfo da América"
Na quarta-feira (12), pelo segundo dia consecutivo, a Casa Branca impediu que um repórter da agência de notícias norte-americana Associated Press participasse de um evento no Salão Oval, tendo o governo Trump justificado anteriormente a decisão pela recusa do veículo de comunicação em nomear o Golfo do México como "Golfo da América".
Em um decreto emitido poucas horas após seu retorno ao poder em 20 de janeiro, o novo presidente dos Estados Unidos renomeou o Golfo do México como "Golfo da América".
Questionada sobre a decisão de recusar a entrada no Salão Oval a um jornalista da prestigiosa agência de notícias AP no dia anterior, a porta-voz da Casa Branca justificou na quarta-feira: "Se acreditarmos que a mídia nesta sala está divulgando mentiras, nós a responsabilizaremos".
"E é um fato que o litoral na costa da Louisiana é chamado de Golfo da América. Não entendo por que a mídia não o chama assim", continuou Karoline Leavitt.
E a porta-voz justificou a censura citando o Google e a Apple que, após a decisão de Donald Trump, renomearam o Golfo do México como "Golfo da América", pelo menos para os usuários norte-americanos, em seus serviços de mapeamento.
Na quarta-feira, um jornalista da AP teve novamente negado o acesso ao Salão Oval para a posse de Tulsi Gabbard, a nova diretora de inteligência dos EUA, observou a Agence France-Presse (AFP).
A Associated Press anunciou na terça-feira que havia sido avisada de que, se "não alinhasse seus padrões editoriais com a ordem executiva do presidente Donald Trump de renomear o Golfo do México como Golfo da América, a AP não teria acesso a um evento no Salão Oval".
Um de seus repórteres foi impedido de participar da assinatura de uma ordem executiva.
"É alarmante que o governo Trump tenha punido a AP por seu jornalismo independente", disse Julie Pace, executiva da Associated Press.
O presidente da Associação de Correspondentes da Casa Branca também condenou a decisão como "inaceitável".
Em um editorial publicado no mês passado, a AP explicou que o decreto de Donald Trump só tinha autoridade nos Estados Unidos, já que o México e outros países e organizações internacionais "não reconheceram a mudança de nome".
"A Associated Press se referirá a ela pelo nome original, ao mesmo tempo em que reconhece o novo nome escolhido por Trump", continuou a agência de notícias.
"Inimigos do povo"
O presidente dos EUA tem um relacionamento tenso com a mídia, que ele descreveu como "inimigos do povo" durante seu primeiro mandato.
Ao mesmo tempo, o 45º e 47º presidente norte-americano responde regularmente às perguntas dos jornalistas, embora prefira entrevistas exclusivas com veículos de mídia conservadores, como a Fox News.
Quando contatada pela AFP em Paris, a Apple não quis comentar a situação.
(Com AFP)
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