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OnlyFans da guerra: nudes fazem ucranianos angariarem R$ 3 mi para exército

Fotos compartilhadas nas redes sociais por membros do movimento Teronlyfans - Reprodução Twitter e Instagram
Fotos compartilhadas nas redes sociais por membros do movimento Teronlyfans Imagem: Reprodução Twitter e Instagram

Colaboração para o UOL, de São Paulo

10/08/2022 11h43

A plataforma OnlyFans tem deixado muitas pessoas ricas, mas um grupo de europeus resolveu usá-la como inspiração para um propósito que encaram como mais nobre: arrecadar dinheiro para os militares ucranianos. Essa é a ideia por trás do movimento Teronlyfans, fundado pela artista ucraniana Anastasiya Kuchmenko, 26, e pela bielorrussa Nastya Nasko, 23.

Teronlyfans é uma combinação de duas palavras: a abreviação Ter de Força de Defesa Territorial da Ucrânia, um ramo das Forças Armadas da Ucrânia criada nos meses que antecederam a invasão da Rússia, e OnlyFans, a plataforma de venda de conteúdos — usada principalmente para fins eróticos.

Desde o início da guerra na Ucrânia, cerca de 40 voluntários, entre homens e mulheres, aderiram ao movimento, arrecadando cerca de US$ 700.000, por volta de R$ 3,6 milhões na cotação atual, para os militares ucranianos.

Porém, seus fundadores são muito claros sobre uma coisa: o projeto não é mera pornografia. Além de fotos nuas, alguns voluntários enviam fotos de ombros, pernas ou braços. Vale lembrar que o conteúdo erótico e pornografia são ilegais na Ucrânia e sua distribuição pode levar a multa ou prisão.

Por conta disso, há pessoas, incluindo russos, que criticam os esforços de arrecadação de fundos do Teronlyfans, mas seus membros não se importam. Eles dizem que estão ajudando os militares da Ucrânia.

"Teronlyfans prova que nus podem ser bonitos e úteis e que envergonhar as pessoas por suas fotos não faz sentido", disse ao Kyiv Independent uma das pessoas que se juntou ao projeto, identificada como Nasko, que conta ter arrecadado mais de US$ 14.000.

Nasko mudou-se da Bielorrússia para a Ucrânia há três anos para trabalhar. Antes do início da guerra, ela saiu de férias para a Croácia e não conseguiu retornar à Ucrânia. Muitos imigrantes bielorrussos que vivem na Ucrânia foram expulsos ou recusaram extensões de visto devido a novas restrições relacionadas ao envolvimento da Bielorrússia na guerra da Rússia. Ela também não pôde voltar para sua terra natal.

"A KGB bielorrussa provavelmente abriu um processo contra mim, então não pretendo voltar lá nos próximos 10 anos", disse Nasko ao Kyiv Independent. O presidente bielorrusso Alexander Lukashenko ameaçou o que ele chama de "traidores do regime" com prisão ou até pena de morte.

Foi então que Nasko e sua amiga ucraniana Kuchmenko encontraram refúgio na Polônia e lançaram o Teronlyfans no início de março para ajudar a Ucrânia do exterior. "Criamos esse movimento entre a piada e p desespero", disseram elas.

Anastasiya Kuchmenko e Nastya Nasko, fundadoras do Teronlyfans - Reprodução - Reprodução
Anastasiya Kuchmenko e Nastya Nasko, fundadoras do Teronlyfans
Imagem: Reprodução

De acordo com Anastassia, a ideia de criar o site surgiu após ela pedir ajuda no Twitter para evacuar um conhecido da cidade de Kharkiv. Sem receber resposta, a jovem brincou que estava disposta a enviar uma foto nua para quem pudesse ajudar. Em pouco tempo, cerca de dez pessoas mandaram mensagem se voluntariando e o conhecido conseguiu deixar a cidade.

No início, as mulheres enviaram apenas suas próprias fotos, mas depois outros ucranianos se juntaram a elas. Outro voluntário falou que não tinha dinheiro sobrando para doar ao exército e ficou surpresa que suas fotos pudessem trazer tantas doações. Desde março, ela arrecadou mais de US$ 18.800 para os militares ucranianos.

"Eu amo minhas fotos nuas e estou feliz que elas possam ajudar alguém", disse ao Kyiv Independent.

Como funciona

Os voluntários do Teronlyfans geralmente encontram "doadores" nas redes sociais. Eles não estão autorizados a aceitar dinheiro em suas próprias contas bancárias. As doações devem ser enviadas diretamente para uma campanha ou organização de angariação de fundos ucraniana verificada.

Outra regra é estabelecer limites. Os doadores não podem ditar às mulheres como posar ou quais partes de seus corpos mostrar, de acordo com Kuchmenko.

"Não somos profissionais do sexo que atendem aos desejos das pessoas. "Quando você compra biscoitos em uma feira beneficente, não faz nenhuma exigência adicional. Você pega o que está sendo oferecido e ajuda o país", disse Nasko.

Quem quiser se juntar ao Teronlyfans também precisa atender a vários requisitos: ter grande audiência nas redes sociais e experiência em tirar fotos de nudez.

"Eles entendem como nosso movimento funciona e são confiáveis. Além disso, com uma equipe pequena, é mais fácil garantir que todos os membros estejam seguindo as regras e não usando a marca Teronlyfans para ganhar dinheiro", completaram as fundadoras.