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Argentinos fazem marcha em apoio a Cristina Kirchner após ataque com arma

Do UOL, em São Paulo*

02/09/2022 13h11Atualizada em 02/09/2022 14h10

Argentinos realizam hoje uma manifestação em apoio à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, após ela sofrer um atentando com arma na noite de ontem durante a chegada em sua casa, no bairro de Recoleta, em Buenos Aires, após presidir uma sessão do Senado.

No meio da manhã, os manifestantes, convocados por partidos políticos, sindicatos, movimentos sociais e organizações de direitos humanos, começaram a se reunir nas principais cidades do país, para protestar partir do meio-dia. A coalizão governista Frente de Todos (peronista, centro-esquerda) convocou uma marcha até a Plaza de Mayo "em defesa da democracia" em um dia que foi declarado feriado nacional.

"Acabamos de vivenciar um dos piores episódios de nossa história com a tentativa de assassinato de Cristina Kirchner", tuitou Axel Kicillof, governador de Buenos Aires, o maior distrito do país.

Após o atentado contra Kirchner, o presidente Alberto Fernández declarou feriado nacional para hoje para que o povo "possa se solidarizar" com a vice-presidente.

Oposição critica governo

A oposição argentina criticou a forma como o governo lida com o ataque do qual Kirchner foi alvo e disse que o caso é tratado com oportunismo político.

"Não é o momento para esse tipo de coisa. O atentado deve ser investigado com seriedade, mas a população deveria ser instada a manter-se tranquila. Esse circo não favorece a pacificação da situação", afirmou a senadora de oposição Carolina Losada.

Em manifestação semelhante, Patricia Bullrich, líder do partido do ex-presidente Mauricio Macri, disse nas redes sociais que Fernández "está brincando com fogo".

Autor do ataque é brasileiro

O autor do ataque foi identificado como o brasileiro Fernando Andrés Sabag Montiel, de 35 anos, segundo o ministro argentino da Segurança, Aníbal Fernández. Ele tem antecedentes criminais por portar uma faca e vive na Argentina desde a década de 1990.

Pai alvo de inquérito da PF. Fernando tem radicação permanente na Argentina e mora no país desde 1993. O pai dele, o chileno Fernando Ernesto Montiel Araya, foi alvo de um inquérito da PF (Polícia Federal) em 2020 para expulsão do Brasil, medida que ficou condicionada à época ao "cumprimento da pena a que [ele] estiver sujeito no país [Brasil] ou à liberação pelo Poder Judiciário".

Não há informações sobre a condenação do pai do brasileiro. A mãe dele é argentina.

Manifestação em apoio à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner - Reprodução/GloboNews - Reprodução/GloboNews
Manifestação em apoio à vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner
Imagem: Reprodução/GloboNews

Munições e computador apreendidos. Segundo fontes de investigação citadas pela mídia argentina, as cem munições encontradas na casa do suspeito, localizada em San Martín, região metropolitana da capital Buenos Aires, estavam em duas caixas. Um notebook e documentos de sua namorada também foram apreendidos.

Motorista de aplicativo e registro de antecedentes. Conforme os registros comerciais citados pela imprensa local, Fernando tem autorização para atuar como motorista de aplicativo no país.

Em março de 2021, ele foi parado pela polícia no bairro de La Paternal, onde teria domicílio, por dirigir um carro sem placa traseira. Ao descer do carro, uma faca de 35 centímetros caiu no chão.

Pessoas foram às ruas após convocações do governo argentino - REUTERS/Agustin Marcarian - REUTERS/Agustin Marcarian
Pessoas foram às ruas após convocações do governo argentino
Imagem: REUTERS/Agustin Marcarian

Ele alegou aos policiais que carregava a arma para defesa pessoal e que o veículo estava sem placa devido a um acidente de trânsito ocorrido dias antes. Foi autuado por porte de armas não convencional e a faca foi apreendida.

Vídeo flagrou momento do atentado

Filmagens de TV locais flagraram o momento em que Kirchner sai do carro, abaixa a cabeça em meio a uma aglomeração de apoiadores e o atirador se aproxima a pouco mais de um metro de distância, com a arma em punho.

Após tentar fazer o disparo, no entanto, o revólver falhou e vários seguranças se dirigem rapidamente em sua direção para detê-lo.

*Com informações da AFP