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Com a morte da rainha Elizabeth 2ª, monarquia pode acabar?

Com a morte da rainha, família real corre risco? - Reprodução/Twitter Família Real
Com a morte da rainha, família real corre risco? Imagem: Reprodução/Twitter Família Real

Marcela Lemos

Do UOL, em São Paulo

08/09/2022 15h15

A morte da rainha Elizabeth 2ª, 96, hoje (8) traz à tona antigas discussões sobre a continuidade da monarquia britânica após o reinado de Lilibet - no poder há 70 anos. Afinal, a monarquia britânica pode acabar? Apesar das especulações, especialistas ouvidos pelo UOL descartam a interrupção da linha sucessória do trono. Pelo menos, a curto prazo.

O professor de História da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e da UFF (Universidade Federal Fluminense), Marcus Dezemone, avalia que no momento a expectativa ocorre sobre as características do novo reinado e reforça a capacidade da Família Real se adaptar ao longo da História.

"Eles conseguem se adaptar para sobreviver aos novos tempos e garantir sua continuidade. Isso já ocorreu antes. O próprio nome da dinastia foi mudado na Primeira Guerra Mundial. Era Saxe-Coburgo-Gota e em 1917 passou a se chamar Windsor para não ter a Casa vinculada à Alemanha, que era inimiga [na Primeira Guerra Mundial] - um exemplo claro sobre a capacidade de adaptar".

Dezemone lembra ainda que chegou a ocorrer uma especulação de o príncipe Charles abrir mão do trono para o príncipe William com objetivo de tornar a Monarquia mais moderna - o que na sua opinião, não iria ocorrer.

Uma pesquisa do instituto YouGov, noticiada pelo jornal inglês Daily Star, chegou a confirmar essa preferência. De acordo com o levantamento, 40% dos britânicos achavam que William deve ser o herdeiro direto da Coroa. Na avaliação de 14% dos entrevistados, a monarquia deveria chegar ao fim após a morte de Elizabeth 2ª.

No entanto, segundo especialistas, não havia indicação para que nenhuma das duas opções ocorressem.

Quem também acredita na continuidade da Família Real britânica é o historiador Rafael Mattoso. Ele reforça que a monarquia britânica é a mais tradicional e simbólica do mundo, tendo sobrevivido a episódios de contestação, como a Revolução Gloriosa, que determinou o fim da Monarquia Absolutista e o predomínio do Parlamento. Ou seja, o rei poderia permanecer no trono, porém com os poderes reduzidos.

"Ela foi a primeira a sofrer protestos e mesmo assim sobreviveu, manteve os princípios hereditários e vitalícios. Ela não é apenas reconhecida como um direito tradicional, ela é garantida pelo parlamento inglês e mesmo com a posse de uma nova ministra [Liz Truss] é improvável pensar em mudanças. Existe uma linha sucessória muito clara e eles acabam tendo apoio da população da Inglaterra".

Em 2016, uma das pesquisadoras mais respeitadas da Inglaterra, doutora Anna Whitelock, autora de três livros sobre reis e rainhas do Reino Unido, chegou a afirmar que a monarquia britânica deveria terminar até 2030, segundo uma publicação da Revista Galileu, na época.

Assim como ela, outros estudiosos também apostam neste término. A polêmica sobre manter a monarquia britânica é sempre questionada quando se discute os gastos para mantê-la. No ano passado, foi revelado gastos de R$ 654 milhões durante o ano com a família real.

"Todas essas questões de que 'diabos faremos com essa família que não é eleita?' O que ela representa para o Reino Unido, atualmente?' Todos esses questionamentos profundos serão feitos quando a Rainha Elizabeth 2ª morrer e o povo for forçado a pensar seriamente no papel da casa real", disse a pesquisadora à época.

Rainha Elizabeth 2ª