Nord Stream, que leva gás russo pela Europa, foi sabotado, diz investigação
Uma investigação preliminar concluiu que as explosões que atingiram os gasodutos de Nord Stream 1 e 2, construídos para transportar gás russo pela Europa, foram uma sabotagem. No entanto, nenhum país foi acusado. A informação é do procurador Mats Ljungqvist, que comanda a ação na Suécia.
"As análises feitas mostram restos de explosivos em vários dos objetos estranhos encontrados", disse Ljungqvist. "A continuidade da investigação preliminar mostrará se alguém pode ser processado."
Segundo investigadores, as inspeções preliminares submarinas reforçaram as suspeitas de uma sabotagem, pois os vazamentos foram precedidos por explosões.
Em 26 de setembro, foram detectados quatro vazamentos nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 que atingiram as zonas econômicas de Suécia e Dinamarca. Os dois gasodutos não estavam em operação devido à guerra na Ucrânia, mas estavam repletos de gás por questões técnicas.
Ambos os gasodutos ligam a Rússia à Alemanha e estão no meio de tensões geopolíticas desde o início da guerra na Ucrânia. Os vazamentos ocorrem em um momento em que países europeus acusam a Rússia de usar suas enormes reservas de energia como arma para pressionar a Europa, seja cortando as exportações para o bloco, seja provocando uma alta nos preços do gás no mercado internacional.
Ao vender o gás por um preço mais elevado, a Rússia alimenta sua máquina de guerra e atenua a crise econômica interna deflagrada pelas sanções ocidentais contra o país. A Rússia nega a responsabilidade pelas explosões, assim como os Estados Unidos.
Como seria operação de sabotagem? A operação requer mergulhar a 70 metros de profundidade. "Danificar dois gasodutos no fundo do mar não é algo fácil, por isso, provavelmente foi um ator estatal", afirma Lion Hirth, professor da Hertie School de Berlim, descartando implicitamente um ato terrorista.
Mas um exército competente poderia fazê-lo. Um militar francês de alta patente mencionou a possível instalação de minas por mergulhadores ou o uso de drones explosivos. "O drone partiria de um submarino localizado a várias milhas náuticas do local", explica.
Troca de acusações. As chancelarias apontam para Moscou, mas a Rússia argumenta que o gás vazado lhe pertence. Em outubro, o Exército russo passou a acusar o Reino Unido de envolvimento nas explosões.
A Defesa britânica denunciou no Twitter "falsas alegações" russas para "desviar a atenção".
Os concorrentes do Nord Stream 2 são muitos, entre eles, os Estados Unidos.
Em 7 de fevereiro, pouco antes do início da invasão russa à Ucrânia, o presidente Joe Biden sugeriu a possibilidade de encerrar sua utilização.
Questionado sobre o método utilizado por uma infraestrutura sob controle de seu aliado alemão, respondeu: "Prometo que seremos capazes de fazê-lo". O vídeo circulou nas redes sociais durante 24 horas.
*Com informações de AFP e RFI
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