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Ex-presidente do Peru é transferido para sede policial em Lima

Do UOL, em São Paulo

07/12/2022 23h48

O ex-presidente do Peru Pedro Castillo foi transferido na noite de hoje para a sede da Diroes (Direção de Operações Especiais da Polícia), uma unidade de elite da Polícia Nacional, em Lima, como parte da investigação do Ministério Público contra ele, segundo informou o jornal "La República". O local é o mesmo onde está preso o ex-ditador Alberto Fujimori.

Castillo deixou a Prefeitura de Lima, onde estava sob custódia de autoridades, em um veículo por volta das 21h (às 22h, no horário de Brasília). O ex-chefe de Estado foi levado para um quartel em Rímac, um distrito próximo. De lá, ele foi levado para a sede policial de helicóptero.

Mais cedo, Castillo anunciou à Nação que iria dissolver o Congresso Nacional e instituir um "governo de emergência excepcional" a fim de convocar novas eleições e, posteriormente, mudar a Constituição do país. O anúncio aconteceu pouco antes de o Congresso aprovar o impeachment do presidente.

O Parlamento votou hoje o terceiro processo de impeachment contra Castillo por "incapacidade moral", uma manobra que já derrubou dois ex-presidentes desde 2018: Martín Vizcarra e Pedro Pablo Kuczynski.

Com o anúncio de Castillo, ao menos 12 ministros do Peru renunciaram aos cargos, como Alejandro Salas (Cultura e Trabalho), Félix Chero (Direitos Humanos), Kurt Borneo (Economia e Finanças) e César Landa (Relações Exteriores).

Castillo assumiu o poder em julho do ano passado ao derrotar a candidata de extrema direita Keiko Fujimori, filha do ex-ditador Alberto Fujimori. Desde então, por várias vezes, foi alvo de moções e investigações parlamentares que tentavam retirá-lo do poder, mas o político conseguia reverter as medidas durante as votações em plenário. O anúncio do presidente peruano ocorre pouco mais de 30 anos após o autogolpe do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), que dissolveu o Congresso em 5 de abril de 1992.

"O Congresso destruiu o estado de direito, a democracia, a separação dos poderes, modificando a Constituição com leis ordinárias com objetivo de destruir o Executivo e instaurar uma ditadura parlamentar", argumentou.

"Os adversários políticos mais extremos se unem para fazer o governo fracassar para tomar o poder sem terem ganhado as eleições. Essa situação intolerável não pode continuar", continuou o presidente.

Tomamos a decisão [...] de dissolver temporariamente o Congresso da República e instaurar um governo de emergência excepcional
Pedro Castillo, presidente do Peru

Peruanos protestam

Peruanos contra e a favor do governo protestaram em frente à sede do Congresso, na capital Lima. Transmissão ao vivo agência de notícias Reuters da fachada do Palácio Legislativo também mostraram manifestantes cantando e portando bandeiras, cercados por policiais armados com escudos.

Outro grupo de manifestantes protestou contra Castillo em frente à Prefeitura de Lima, onde autoridades se reuniram para enfrentar a crise.

EUA exigem reversão de ato

A Embaixada dos Estados Unidos no Peru rechaçou "categoricamente todo e qualquer ato inconstitucional" do presidente Pedro Castillo.

"Os Estados Unidos instam fortemente o presidente Castillo a reverter sua tentativa de fechar o Congresso e permita as instituições democráticas funcionarem, de acordo com a Constituição", diz trecho de comunicado.