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Guerra do PCC ou vingança: o que pode estar por trás de morte no Paraguai

Do UOL, em São Paulo

01/03/2023 04h00

A polícia paraguaia investiga duas possíveis motivações para o assassinato de Ederson Salinas Benitez, 33, apontado como um dos líderes do PCC no país vizinho. No último sábado (25), o paraguaio foi atingido por mais de 30 tiros no estacionamento de um supermercado na capital Assunção, conforme flagraram câmeras de vigilância.

O que está sendo investigado

  • Disputa por poder no PCC. A principal hipótese é a de que o crime esteja relacionado com uma disputa dentro da facção criminosa brasileira pelo controle do tráfico no Paraguai.
  • Acerto de contas. O traficante era suspeito de envolvimento na chacina que deixou quatro mortos na saída de uma casa noturna em Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil, em outubro de 2021. A polícia também investiga uma possível vingança.

Uma pessoa foi presa ontem por suspeita de participação no crime.

A briga pelo controle do PCC ganhou força em fevereiro de 2019, após a Polícia Federal prender Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o Minotauro. Até então, ele era o homem escolhido pela facção para impor o terror e acirrar a disputa pelo controle do narcotráfico na fronteira.

Benitez poderia assumir comando do PCC. Conhecido como "Ryguasu", o paraguaio passou a ser apontado pelas autoridades como uma das lideranças da facção no país vizinho.

Há uma briga interna por poder na facção. Ele [Benitez] seria o possível sucessor do Minotauro, e isso pode ter gerado uma crise. A fronteira com o Paraguai é estratégica para o PCC pelo grande fluxo de drogas
Ivana David, desembargadora do TJ-SP

Morto a tiros no Paraguai, Ederson Salinas Benitez era apontado como uma das lideranças do PCC em atuação no país vizinho - Polícia Nacional do Paraguai - Polícia Nacional do Paraguai
Morto a tiros no Paraguai, Ederson Salinas Benitez era apontado como uma das lideranças do PCC em atuação no país vizinho
Imagem: Polícia Nacional do Paraguai

Quem era Ryguasu?

Benitez escapou de outros dois atentados. O último deles ocorreu em março do ano passado, quando a casa onde ele morava foi atingida por mais de 300 disparos de arma de fogo. Ninguém se feriu no ataque.

Suspeito de encomendar morte de jornalista brasileiro. O traficante paraguaio também era investigado pelo assassinato do jornalista brasileiro Lourenço Veras, em fevereiro de 2020.

Ederson Salinas Benitez foi morto com mais de 30 tiros - Reprodução - Reprodução
Ederson Salinas Benitez foi morto com mais de 30 tiros
Imagem: Reprodução

Na época, Benitez havia sido detido após uma briga de trânsito em Ponta Porã (MS), próximo à fronteira com o Paraguai. Ele chegou a ser condenado por porte ilegal de arma e falsidade ideológica, pois portava documento com outro nome —o paraguaio foi levado a uma penitenciária em Dourados (MS).

De acordo com as investigações, a verdadeira identidade foi revelada aos policiais por Veras. O jornalista foi morto a tiros em sua casa, em Pedro Juan Caballero, quando jantava com a família.

No mês seguinte, o paraguaio foi liberado após pagar fiança. Até então, ele não era suspeito de envolvimento no assassinato de Veras.