Por 'incompatibilidade de agendas', Lula e Zelensky não se reúnem no Japão
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente Lula (PT) não tiveram reunião bilateral durante a cúpula do G7, no Japão. Oficialmente, o Planalto alegou "incompatibilidade de agendas".
O que aconteceu
Um dos objetivos de Zelensky ao participar do G7 era conseguir o apoio de países como Indonésia, Índia, Brasil e Vietnã. A informação, confirmada pelo colunista do UOL Jamil Chade, é de que a ocasião deveria ser aproveitada para convocar esses países em defesa da Ucrânia.
O pedido de reunião de Zelensky com Lula foi feito na sexta-feira (19). As prioridades do ucraniano eram encontros com Índia e Brasil — os dois países, membros dos Brics, mantêm posicão de neutralidade em relação à guerra contra a Rússia.
Outro ponto considerado importante é a capacidade de diálogo dos dois países. Índia e Brasil podem atuar como nações facilitadoras da paz por terem relações com China, Rússia e Estados Unidos.
A presença física de Zelensky tornaria "mais difícil para os líderes de Índia, Brasil e outras nações se manterem relutantes em apoiar a Ucrânia", segundo jornais internacionais.
A assessoria de imprensa de Lula informou que ofereceu horários disponíveis a Zelensky neste domingo (21). De acordo com jornalistas, a sala para a reunião estava pronta, com a bandeira da Ucrânia.
Questionado se estava desapontado, o ucraniano disse em entrevista que achou uma decepção para o líder brasileiro. "Acho que isso o decepcionou", disse ele, sorrindo e arrancando risadas dos repórteres.
O único compromisso em comum entre Lula e Zelensky no Japão foi a sessão de trabalho pela paz. Na sala, também estavam na sala outros líderes mundiais, como o norte-americano Joe Biden e o canadense Justin Trudeau, além do japonês Fumio Kishida, anfitrião da cúpula.
Diante de Zelensky, em seu discurso, o brasileiro afirmou: "Condenamos a violação da integridade territorial da Ucrânia".
O ucraniano teve reuniões bilaterais com outros líderes que estavam em Hiroshima. Após encontro com Biden, foi anunciado um novo pacote de ajuda dos Estados Unidos de US$ 375 milhões (R$ 1,8 bilhão) em munições, artilharia e veículos.
A presença de Zelensky foi considerada surpresa — pois não havia sido anunciada previamente — e se tornou assunto dominante na cúpula do G7. Ele chegou no sábado (20) a bordo de um avião da França.
Tentativas e conversas
A tentativa de encontro de Zelensky com o governo brasileiro ocorre desde o ano passado com Jair Bolsonaro (PL). O ex-presidente, porém, não foi à Kiev, capital da Ucrânia, nem a Moscou, capital russa.
No governo Lula, a pressão voltou a ocorrer. O primeiro sinal de abertura da atual gestão ocorreu quando o presidente do Brasil aceitou fazer ter videoconferência com o Zelensky, em março.
Na ocasião, Zelensky fez o primeiro convite para Lula ir a Kiev. Lula manifestou disposição de atender o convite em um "momento adequado".
No dia 9 de maio, o assessor especial para política externa do Brasil, Celso Amorim, viajou a Kiev para uma reunião com o presidente da Ucrânia. O encontro marcou uma tentativa do governo brasileiro de dar sinais claros ao Ocidente de que estava disposto a dialogar com todos os lados.
A posição do Brasil
Lula começou a defender uma mediação por paz entre Ucrânia e Rússia ainda durante a campanha eleitoral. Quando era candidato, afirmou que, como "ninguém está procurando contribuir para ter paz, é preciso estimular um acordo".
Em maio do ano passado, chegou a afirmar que Zelensky "é tão responsável quanto Putin". Ele disse ainda que Zelensky poderia ter negociado mais com a Rússia. "Putin não deveria ter invadido a Ucrânia, mas não é só Putin que é culpado, são culpados os EUA e a União Europeia", declarou.
Em janeiro, já presidente, Lula recusou um pedido do premiê alemão, Olaf Scholz, para enviar munição à Ucrânia. Lula sugeriu "um clube das pessoas que vão querer construir a paz no planeta".
No primeiro contato com Zelenky, na reunião deste domingo (21), com membros do G7, Lula condenou a violação da integridade territorial da Ucrânia e repudiou o uso da força como meio de resolver disputas.
*Com Reuters
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