Papa Francisco já fez cirurgias e tem dores crônicas; veja histórico
O papa Francisco foi internado hoje para uma cirurgia abdominal para tratar de uma laparocele, espécie de hérnia que se forma na cicatriz de uma operação anterior e pode causar obstrução intestinal. Nos últimos anos, o religioso de 86 anos enfrentou vários problemas de saúde, com crises de bronquite, dificuldades para se locomover e uma outra intervenção cirúrgica, no cólon.
Confira abaixo mais detalhes sobre o histórico médico do líder do Vaticano:
1957: Retirada de parte do pulmão
No início de sua vida religiosa, Jorge Mario Bergoglio teve que remover o lobo superior de um dos pulmões. A cirurgia foi feita quando o argentino tinha apenas 21 anos, mas a informação veio a público em 14 de março de 2013, um dia depois de ele ter sido escolhido papa.
Em entrevista concedida em 2019 ao repórter compatriota Nelson Castro, o pontífice revelou detalhes do procedimento realizado em 1957. As informações compõem um livro do jornalista sobre a saúde dos papas.
"Quando me recuperei da anestesia, a dor que senti foi muito intensa. Não é que eu não estivesse preocupado, mas sempre tive a convicção de que seria curado", declarou Francisco. A retirada de parte do pulmão foi necessária por causa de três cistos.
"Nunca senti limitação em minhas atividades. Mesmo em várias viagens internacionais nunca tive que limitar ou cancelar nenhuma das atividades programadas. Nunca senti cansaço ou falta de ar. Conforme os médicos me explicaram, o pulmão direito se expandiu e cobriu todo o hemitórax ipsilateral", completou o religioso.
1980: Retirada da vesícula biliar
Quando era apenas um jesuíta, Francisco foi operado para retirar a vesícula biliar. Em 2014, o papa recebeu na residência de Santa Marta, no Vaticano, o médico argentino Juan Carlos Parodi, responsável pela cirurgia.
Na ocasião, o chefe da Igreja Católica o agradeceu por "ter salvado a sua vida".
2015: Rumores de tumor cerebral
Em outubro de 2015, enquanto o papa latino-americano defendia que a Igreja fosse mais tolerante com os divorciados que se casavam novamente, o Vaticano teve de negar rumores espalhados por ultraconservadores de que Francisco tinha um tumor cerebral benigno.
2019: Cirurgia de catarata
O papa Francisco foi submetido a uma cirurgia de catarata em total sigilo, supostamente realizada na clínica Pio XI, em Roma. A informação foi revelada pelo jornal italiano "Il Messaggero" em dezembro de 2019.
O jornal da capital italiana não comunicou a data da operação, mas informações extraoficiais afirmam que ela aconteceu no meio do ano, quando Francisco limitou suas atividades. A intervenção não foi confirmada pelo Vaticano.
2021: Cirurgia no cólon
Em julho de 2021, o papa Francisco ficou 10 dias internado em um hospital de Roma após uma cirurgia para combater uma inflamação do cólon — parte do intestino grosso — que também pode causar obstrução.
2015-hoje: Problemas de locomoção
Francisco também já foi acometido por outros problemas de saúde que não demandaram cirurgia. Há alguns anos, ele vem fazendo sessões regulares de fisioterapia por conta de dores no quadril e nas costas.
Além disso, ele enfrenta uma dor permanente no joelho, que já o levou a cancelar compromissos.
Ele também segue uma dieta disciplinada devido ao fato de ter gordura no fígado (esteatose hepática).
2023: Pneumonia
O religioso ficou internado em um hospital de Roma entre 29 de março e 1º de abril deste ano por complicações de uma pneumonia.
"Tive um forte mal-estar no fim da audiência daquela quarta-feira. Não tive vontade de almoçar, dormi um pouco, mas tinha uma febre muito alta. E, depois das 15h, o médico me levou para o hospital", afirmou.
Conforme o pontífice, ele teve "uma pneumonia aguda forte, na parte baixa do pulmão". Já no final de abril, Francisco comemorou a recuperação durante conversa com jornalistas no avião papal, quando retornava de uma visita à Hungria para Roma.
"Graças a Deus estou aqui para contar isso porque o corpo respondeu bem".
Papa pode renunciar?
Após a morte de Bento 16, em dezembro de 2022, a ala ultraconservadora da Igreja Católica intensificou as críticas a Francisco, questionando seu estado de saúde e uma possível renúncia, como fez seu antecessor, que optou por se tornar apenas papa emérito em fevereiro de 2013.
Questionado sobre isso, o pontífice argentino disse que não quer que a renúncia de um chefe da Igreja Católica se torne regra.
No entanto, ele deixou em aberto a possibilidade de seguir os passos de Bento 16 e até descreveu como seria sua aposentadoria, dizendo que viveria em Roma, possivelmente como um simples padre e não usaria a batina branca de papa.
O especialista em Vaticano, Iacopo Scaramuzzi, acredita que alguns dos inimigos de Francisco estão alimentando rumores por meio de uma velha tática: usar a saúde como uma ferramenta de batalha e "inflar notícias parcialmente verdadeiras ou inventá-las completamente".
* Com informações de ANSA e AFP
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