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Fator Irã e vingança: por que o Hamas decidiu atacar Israel agora

Matheus Brum

Colaboração para o UOL

09/10/2023 16h21Atualizada em 10/10/2023 14h20

O ataque do Hamas iniciado no último sábado (7), que já deixou mais de mil mortos, surpreendeu o governo de Israel. Trata-se da pior ofensiva contra os israelenses nas últimas cinco décadas.

Não é por acaso que o grupo extremista iniciou os ataques no fim de semana, em mais um capítulo do conflito entre judeus e muçulmanos no Oriente Médio, iniciado há muitos séculos. Veja a combinação de fatores que levaram a uma nova guerra:

Aniversário da Guerra do Yom Kippur

A data do início dos ataques parece ter sido escolhida a dedo pelos extremistas do Hamas.

Na sexta-feira passada, véspera do começo do novo conflito em Israel e na faixa de Gaza, foram completados 50 anos do início da Guerra do Yom Kippur, na qual forças árabes lideradas por Egito e Síria atacaram os israelenses.

Na época, a intenção era recuperar territórios tomados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967.

EUA e União Soviética chegaram a intervir na disputa, para evitar que se agravasse, e a pressão internacional levou ao cessar-fogo em 25 outubro de 1973.

Houve mais de 2.600 baixas no lado israelense, contra 15 mil egípcios e 3.500 sírios mortos, em menos de 20 dias de combates.

Fator Irã

A nova guerra começou no momento em que a Arábia Saudita estava prestes a reconhecer Israel oficialmente como um estado autônomo e independente.

Esse acordo, que tem os Estados Unidos como um dos principais avalistas, não agrada ao Irã, que é uma potência nuclear, de maioria muçulmana e não reconhece Israel como um país

O governo iraniano defende abertamente a criação de um Estado palestino e, segundo os Estados Unidos, apoia o Hamas com dinheiro, armas e equipamentos —por outro lado, o Irã nega envolvimento na guerra.

Crise interna em Israel

A política interna de Israel também ajuda a explicar o ataque do Hamas.

Desde quando voltou ao poder, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cercou-se de partidos de direita e extrema-direita, elevando a tensão com os palestinos.

Em abril passado, durante o mês do Ramadã, forças de Israel atacaram mulheres e idosos na Mesquita de al-Aqsa, um lugar sagrado para o islamismo.

De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), somente em 2023 foram registrados mais de 700 ataques de israelenses contra palestinos.

Além disso, Netanyahu tenta fazer mudanças no Poder Judiciário de Israel para se manter no poder e afastar as denúncias de corrupção contra seu governo.

Vingança

De acordo com o site de notícias em língua árabe Al-Jazeera, líderes do Hamas reagiram a ataques recentes de Israel que vitimaram civis palestinos, incluindo idosos, mulheres e crianças, em uma espécie de vingança pessoal.

Também há o entendimento de que o contra-ataque de Israel deixará muitos palestinos que vivem na faixa de Gaza mortos.

Isso deverá contribuir para estender a guerra atual e atrair a simpatia de palestinos para o Hamas, que deseja tomar o território que hoje é conhecido como Israel.

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