Após divulgar crítica de líder palestino ao Hamas, agência local muda texto
Após noticiar uma conversa do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em que o líder palestino teria dito que o Hamas não representa o povo palestino, a Wafa (Agência Palestina de Notícias e Informações) alterou o texto.
A agência de notícias excluiu o trecho em que havia uma crítica direta ao grupo extremista Hamas, segundo informou a Reuters neste domingo (leia aqui, em inglês). Até o momento não houve um esclarecimento sobre a mudança no texto.
O que aconteceu
Na primeira versão, a Wafa noticiou que o líder palestino "enfatizou que as políticas e as ações do Hamas não representam os palestinos" e que a OLP (Organização para Libertação da Palestina) é "a única representante do povo palestino, não as políticas de qualquer outra organização".
Posteriormente, a agência palestina retirou o trecho que dizia que decisões e ações tomadas pelo Hamas "não representam o povo palestino", mas manteve o restante sobre a legitimidade da OLP. Na versão que está no ar (leia aqui, em inglês), o Hamas não é mais citado.
Maduro confirmou que conversou com Abbas. O venezuelano, porém, não cita em nenhum momento o Hamas.
Hoy domingo #15Oct conversé telefónicamente con el Presidente de la Autoridad Nacional Palestina, Mahmud Abbas, sobre la terrible situación en la Franja de Gaza, luego de los ataques indiscriminados a la población civil, por parte de Israel, ocasionando miles de muertes y? pic.twitter.com/hddkuAUDR5
-- Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) October 15, 2023
O que aconteceu
Mahmoud Abbas falou por telefone neste domingo com Maduro. Na conversa, reiterou suas posições a favor da causa palestina e do direito a um Estado Palestino, com a Jerusalém Oriental como capital.
O líder palestino "afirmou sua rejeição à morte de civis por ambos os lados e pediu a libertação de todos os civis, prisioneiros e detentos dos dois lados", conforme o relato da Wafa.
O venezuelano se comprometeu a enviar ajuda humanitária à Faixa de Gaza e disse apoiar a causa da liberdade do povo palestino, ainda segundo a Wafa.
Abbas afirmou ainda a necessidade do fim da "guerra de agressão" de Israel "contra o povo palestino" e pediu a criação de corredores humanitários e o envio de suprimentos, remédios, água e eletricidade a Gaza.
Disse ainda que o deslocamento dos palestinos do norte para o sul de Gaza deve ser interrompido, sob pena de "se transformar numa nova Nakba para o nosso povo".
Nakba é "catástrofe" em árabe. É como ficou conhecido o êxodo palestino que se seguiu à guerra árabe-israelense de 1948, logo depois da declaração de independência de Israel. Segundo informações da ONU (Organização das Nações Unidas), cerca de 700 mil palestinos foram expulsos de suas terras depois do conflito. O episódio marcou o início dos problemas dos refugiados palestinos.
Mortos na guerra entre Israel e Hamas
O conflito entre Israel e Hamas já deixou mais de 4 mil mortos, segundo as informações oficiais divulgadas por autoridades dos dois lados.
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Quero receberO número de mortos em Gaza não para de subir com os bombardeios israelenses. O Ministério da Saúde da Palestina fala em 2.670 mortos até a manhã deste domingo.
Israel contabiliza mais de 1.400 mortos nos ataques terroristas do Hamas da semana passada. Pelo menos 126 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas, mas este número pode ser maior.
Além desses mortos, Israel afirmou ter encontrado 1.500 corpos de membros do Hamas em seu território na última terça-feira (10).
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