Gleisi Hoffmann critica embaixador de Israel e defende soberania do Brasil
Colaboração para o UOL, em São Paulo
09/11/2023 15h56
A deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou que o Brasil é um pais soberano ao criticar o embaixador de Israel no país, Daniel Zonshine, por ter se reunido com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na quarta-feira (8).
O que aconteceu:
Gleisi acusou Daniel de se "intrometer indevidamente na política interna" do Brasil ao realizar um ato público com Bolsonaro no Congresso Nacional. A petista ressaltou que a soberania brasileira é "inquestionável" e que a "subserviência" do país a outras nações chegou ao fim com o mandato de Bolsonaro.
O Brasil não admite que questionem nossa soberania. Esta é a lição que o embaixador de Israel não entendeu. O tempo da subserviência acabou junto com o mandato de Jair Bolsonaro, que prestava continência para a bandeira dos Estados Unidos e fez do Brasil um pária entre as nações.
— Gleisi Hoffmann, sobre o evento do embaixador israelense
Ao citar a guerra entre Israel e o Hamas, a deputada afirmou ser "totalmente condenável a manipulação que fazem de um conflito em que a atuação da diplomacia do Brasil, orientada pelo presidente Lula, atuou desde o início pela construção de uma solução pacífica".
Hoffmann também chamou de "espúria e repugnante a aliança" entre Bolsonaro e o embaixador israelense, e ressaltou que isso implica na "segurança e a vida de cidadãos brasileiros mantidos sob o cerco e ameaça no massacre militar na região da Faixa de Gaza".
Desde o início da guerra, 34 brasileiros que estão na Faixa de Gaza aguardam para serem repatriados, mas ainda não receberam autorização para atravessar a fronteira entre a Palestina e o Egito, onde um avião do Brasil aguarda. Em entrevista ao UOL News, nesta quinta-feira (9), Daniel Zonshine disse "não saber" porque o brasileiros têm sido deixados de fora da lista para saírem de Gaza.
Ao UOL News, Zonshine também negou que a reunião com Jair Bolsonaro tenha sido feita para "atacar" o governo Lula. "Não era intenção fazer um ataque político contra o governo [...] Não convidamos ninguém para atacar ninguém, convidamos parlamentares com uma intenção bem clara. A intenção não era se tornar um evento político".
Encontro
Na reunião, segundo publicação de Bolsonaro nas redes sociais, foi exibido um "filme sobre as atrocidades do Hamas" no dia dos primeiros ataques a Israel, em 7 de outubro.
Outros detalhes do encontro não foram divulgados. O ex-presidente divulgou um vídeo curto da reunião nas redes sociais, e parlamentares publicaram imagens.
O ex-presidente Jair Bolsonaro é aliado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por partilharem de posições político e ideológicas alinhadas à extrema-direita.