Avião com brasileiros resgatados de Gaza chega a Brasília
Carolina Nogueira
Colaboração para o UOL, em Brasília
13/11/2023 23h29Atualizada em 14/11/2023 03h42
Um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) pousou às 23h24 de hoje na base aérea de Brasília, com brasileiros e palestinos que estavam na Faixa de Gaza durante a guerra entre Israel e Hamas. Os passageiros foram recepcionados pelo presidente Lula, a primeira-dama Janja e ministros do governo.
O que aconteceu
O clima na base aérea era de alívio e comoção pela chegada em solo brasileiro. Os primeiros a sair da aeronave foram Hasan Rabee, 30, junto com a esposa e duas filhas. Ele saiu de São Paulo no final de setembro com família para visitar a mãe e não conseguiu retornar ao Brasil. O brasileiro-palestino ficou conhecido após começar a divulgar nas suas redes sociais o cotidiano de quem está no bombardeio na Faixa de Gaza.
Pela manhã, a aeronave cedida pela Presidência da República decolou do Cairo, no Egito, com 22 brasileiros e dez palestinos —parentes dos brasileiros trazidos no voo. Os passageiros são 17 crianças, nove mulheres e seis homens. Antes de chegar à capital federal, o avião fez paradas técnicas em Las Palmas, na Espanha, e no Recife.
O ministro da Comunicação Social, Paulo Pimenta, informou que entre os passageiros havia duas crianças com quadro de desnutrição. Elas receberam o primeiro atendimento ainda na pista, em uma ambulância, e foram encaminhadas a um hospital local.
Foi o mais recente voo da Força Aérea para trazer os brasileiros que manifestaram interesse em voltar para o país. Mais cedo, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, afirmou que novas repatriações de brasileiros na Faixa de Gaza serão avaliadas.
Em Brasília, os resgatados ficarão hospedados por dois dias no hotel da FAB, com alimentação, cuidados médicos e psicológicos e acesso a serviços de regularização da documentação.
Após esse período, parte dos brasileiros que têm família no país seguirão para os seus destinos. O outro grupo será levado, em avião da FAB, para Guarulhos (SP) e encaminhado para um abrigo no interior de São Paulo.
Das 32 pessoas, 24 vão para São Paulo, 12 ficam no abrigo no interior do estado paulista, uma vai para Novo Hamburgo (RS), duas para Florianópolis (SC), uma para Cuiabá (MT) e quatro ficam em Brasília.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, as pessoas resgatadas podem fazer a inscrição no CadÚnico e, em caso de cumprimento dos requisitos, será possível solicitar o Bolsa Família e outros programas assistenciais.
Como foi o resgate dos brasileiros em Gaza
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, passou as últimas semanas conversando por telefone com os chanceleres de Israel e Egito para tentar autorizar a saída dos brasileiros da Faixa de Gaza.
Os brasileiros foram colocados na lista feita por Israel para deixar a região sob intenso bombardeio pela fronteira com o Egito. A passagem, contudo, foi fechada várias vezes, porque o governo israelense queria garantias de que as ambulâncias não estavam transportando membros do Hamas.
Apenas no domingo (12), os brasileiros conseguiram atravessar a fronteira entre Gaza e Egito, no portal de Rafah. Duas pessoas, da lista original de 34 nomes que fariam a viagem de volta para o Brasil, desistiram por "motivos pessoais", segundo o governo brasileiro.
Nesta segunda, após a liberação dos brasileiros, Lula intensificou seu discurso pelo cessar-fogo em evento no Planalto. Ele disse que as "ações de Israel são tão graves quanto ato terrorista do Hamas".
Nós não vamos deixar nenhum brasileiro ou brasileira lá se ele quiser voltar. Nós vamos ter que encontrar soluções para trazer. Hoje é um dia de festa.
Lula, sobre brasileiros repatriados
Ao todo, foram resgatados 1.477 passageiros e 53 animais domésticos da zona de conflito.
Mais de 11 mil pessoas já morreram na guerra que começou em 7 de outubro. Naquele dia, o Hamas fez um ataque surpresa que matou 1.200 pessoas, principalmente civis, e sequestrou cerca de 250 pessoas em Israel. Desde então, os bombardeios israelenses na Faixa de Gaza já mataram mais de 11 mil pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde do território.