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Ataque a arsenal nuclear dos EUA poderia matar 2 milhões, diz estudo

Estudo divulgado hoje calcula o impacto de um ataque ao arsenal nuclear dos EUA Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

14/11/2023 11h00Atualizada em 14/11/2023 14h28

Em meio à saída da Rússia de um tratado que proíbe testes nucleares e à sugestão de ataque nuclear à Faixa de Gaza, um estudo publicado hoje nas revistas Nature e Scientific American estima que até 2 milhões de pessoas morreriam imediatamente e 300 milhões poderiam morrer indiretamente se um ataque atingir o arsenal nuclear dos Estados Unidos.

O que diz o estudo

O estudo é do especialista em armas nucleares Sebastien Philippe, professor da Universidade de Princeton. Ele decidiu estimar o impacto de um ataque do tipo depois que os Estados Unidos anunciaram a intenção de gastar US$ 1,5 trilhão (R$ 7,41 trilhões em valores de hoje) para atualizar seu arsenal atômico.

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O país conta com 540 silos de lançamento de mísseis atômicos intercontinentais em cinco estados: Colorado, Wyoming, Nebraska, Montana e Dakota do Norte. O silo nuclear é uma instalação subterrânea, geralmente em formato cilíndrico e na posição vertical, que serve para armazenar e lançar mísseis capazes de atravessar continentes.

Um ataque a esses silos elevaria em mil vezes o limite de doses anuais de exposição à radiação. O resultado seria a morte imediata de até 2 milhões, enquanto centenas de milhões poderiam morrer indiretamente.

De 1 milhão a 2 milhões de pessoas provavelmente morreriam de exposição aguda à radiação após um ataque (...) e cerca de 300 milhões de pessoas estariam em risco de consequências letais.
Trecho da publicação

México e Canadá

De acordo com o professor, os cinco estados precisariam ser atacados simultaneamente "para evitar um ataque retaliatório". "Muitas comunidades têm pouca ou nenhuma ideia de que estão numa zona de risco radiológico, em parte porque pesquisas anteriores subestimaram o risco", diz o estudo.

O ataque resultaria até em alterações no clima. "A precipitação radioativa e as fatalidades podem mudar com as mudanças nos padrões climáticos", diz a publicação.

Quase todos os americanos que vivem perto dos estados atacados e as populações das áreas mais populosas do Canadá e dos estados do norte do México podem estar em risco de consequências letais, dependendo das condições meteorológicas no momento de um ataque.
Trecho da publicação

O perigo, porém, não se restringe a ataques, mas à própria substituição do arsenal. Os mísseis hoje existentes deverão ser substituídos por novas versões e a infraestrutura será toda remodelada. "No entanto, os relatórios de impacto ambiental [do governo] não avaliaram os riscos associados a um ataque real", diz a Scientific American.

A publicação apela aos Estados Unidos para que desistam de atualizar seu arsenal "e aprendam com as lições do século 20". "São riscos que não devemos correr. Precisamos aprender com o passado e recuar num rumo que pode ameaçar o futuro da humanidade", diz Laura Helmuth, editora-chefe da publicação.

Bomba atômica voltou ao noticiários

No começo do mês, uma declaração de um ministro israelense e uma decisão russa sobre armas nucleares acenderam um alerta na comunidade internacional.

No dia 2, o presidente russo, Vladimir Putin, assinou uma lei que revoga a ratificação da Rússia ao Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares. A Rússia não realiza testes com explosão nuclear desde 1990, um ano antes do colapso da União Soviética. O acordo foi ratificado por 178 países, incluindo as potências nucleares França e Reino Unido.

Três dias depois, a Rússia anunciou o sucesso de um teste de lançamento de um míssil balístico intercontinental capaz de transportar ogivas nucleares a partir de um submarino.

No mesmo dia, o ministro para assuntos de Jerusalém, Amichai Eliyahu, disse que jogar uma bomba atômica na Faixa de Gaza era "uma opção". A repercussão de sua fala resultou em sua suspensão pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, pediu sua demissão.

Logo após invasão da Ucrânia, no ano passado, Putin chegou a dizer que que ninguém "em sã consciência" usaria armas nucleares contra a Rússia.

Um número tão grande de nossos mísseis --centenas e centenas-- apareceria no ar que nem um único inimigo teria chance de sobrevivência.
Vladimir Putin, presidente russo

Em setembro, Moscou confirmou o início das atividades do míssil RS-28 Sarmat, "o mais letal do mundo". A arma, que pode levar 14 ogivas nucleares, ganhou o apelido de Satã-2. Dois meses depois, os Estados Unidos anunciam uma bomba nuclear 22 vezes mais forte do que a de Hiroshima.

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