Equador entra em estado de conflito armado interno após ataques de gangues
O presidente do Equador, Daniel Noboa, decretou um estado de "conflito armado interno" no país contra grupos criminosos.
O que aconteceu
Em decreto, Noboa determina que Forças Armadas realizem operações militares para "neutralizar" grupos. O documento, assinado hoje, mira 22 grupos criminosos no âmbito transnacional, chamados de "terroristas" no documento.
O país está sob estado de exceção após a fuga da prisão do criminoso mais perigoso do país, José Adolfo Macías Villamar. A medida possibilita a Noboa mobilizar por 60 dias os militares nas ruas e a entrada dos mesmos nas penitenciárias, bem como suspender direitos civis.
À fuga de "Fito" somou-se, nesta terça, a de Fabricio Colón Pico, um dos chefões da facção Los Lobos. Ele tinha sido preso na sexta-feira pelo crime de sequestro e a suposta responsabilidade em um plano para assassinar a procuradora-geral do país.
Mais cedo, um grupo de homens armados invadiu uma TV em Guayaquil durante programa ao vivo. As imagens mostram que funcionários da emissora foram feitos reféns durante a transmissão. Posteriormente, eles foram retirados pela Polícia do Equador, que também publicou uma foto com os 13 suspeitos presos.
Foram apreendidos explosivos, armas e outras provas após invasão a prédio de emissora. "Os reféns foram libertados e os trabalhadores levados para um local seguro. "Os invasores serão levados à Justiça para serem punidos pelos atos terroristas", informou o comandante geral da Polícia Nacional do Equador, César Augusto Zapata Corrêa.
Estudantes da Universidade de Guayaquil relataram ter sido rendidos por criminosos. Imagens publicadas nas redes mostram correria na entrada da instituição e barricadas feitas nas portas das salas de aula que estavam com alunos.
O Ministério da Educação do Equador decretou que todo o sistema educacional funcionará remotamente até o dia 12 de janeiro. As aulas presenciais foram suspensas nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Um hospital de Guayaquil sofreu ação criminosa. O jornal equatoriano El Universo ouviu relatos de que um grupo uniformizado roubou médicos e pacientes no hospital Teodoro Maldonado Carbo. A polícia chegou no local a tempo de evitar sequestros, diz a publicação.
Explosões e ameaças também foram relatadas na cidade de Cuenca. Um explosivo foi detonado próximo à casa do presidente da Corte Nacional de Justiça na madrugada de hoje, e segurança extra foi providenciada para os prédios públicos.
Na capital Quito, também foi registrada a explosão de um carro, além da detonação de um artefato perto de uma passarela para pedestres. O prefeito Pabel Muñoz pediu ao Executivo a "militarização" de instalações estratégicas diante do que chamou de uma "crise de segurança sem precedentes".
Policiais foram sequestrados em diferentes cidades do Equador. Quatro homens da Polícia Nacional do Equador foram feitos reféns nas cidades de Machala e Quito.
Filho de brasileiro diz que pai foi sequestrado no Equador
O filho de um brasileiro que mora no Equador disse hoje que o pai foi sequestrado. Nas redes sociais, ele pediu ajuda para pagar parte do resgate.
Gustavo fez um vídeo para denunciar o sequestro do pai. A gravação foi publicada no perfil oficial do La Brasa, um restaurante brasileiro em Guayaquil administrado por seu pai, Thiago Allan Freitas.
Newsletter
DE OLHO NO MUNDO
Os principais acontecimentos internacionais e uma curadoria do melhor da imprensa mundial, de segunda a sexta no seu email.
Quero receberJovem diz que sequestradores estão pedindo US$ 3.000 (R$ 14.720). Até agora, a família já enviou US$ 1.100 (cerca de R$ 5.400), segundo Gustavo. "Peço a vocês que me ajudem com o que têm, com qualquer valor", diz o rapaz em espanhol.
Itamaraty diz que o governo brasileiro acompanha situação "com preocupação". Em nota, o Ministério das Relações Exteriores diz que "condena as ações de violência conduzidas por grupos criminosos organizados em diversas cidades no Equador. Manifesta também solidariedade ao governo e ao povo equatorianos diante dos ataques".
O governo segue atento, em particular, à situação dos cidadãos brasileiros naquele país. O plantão consular do Itamaraty pode ser contatado no número +55 61 98260-0610 (inclusive WhatsApp).
Nota do Ministério das Relações Exteriores
Busca a líder de facção continua
Autoridades convocaram mais de 3.000 homens da Polícia Nacional e do Exército para tentar encontrar Fito. Porém, até o momento o paradeiro dele continua desconhecido.
Fito cumpria pena de 34 anos de prisão no presídio Regional de Guayaquil por crime organizado, narcotráfico e homicídio. Los Choneros disputam com cerca de 20 quadrilhas a rota do narcotráfico em uma guerra sangrenta que assombra o país.
O estado de exceção permite que as Forças Armadas apoiem a polícia nas ruas, devido à grave comoção interna no país. Esse decreto está em vigor por 60 dias e durante esse período, alguns direitos estão restritos no Equador.
Entre as restrições, está um toque de recolher das 23h às 5h. As pessoas não têm o direito de se reunir. Além disso, a privacidade das residências e correspondências está limitada, o que significa que as autoridades podem entrar nas casas das pessoas sem a necessidade de uma ordem judicial.
Em presídios de cinco cidades do país há 125 guardas carcerários e 14 funcionários administrativos retidos. As informações são do organismo que administra as prisões, o SNAI.
*Com informações da ANSA e AFP
Deixe seu comentário