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'Para que acusar alguém?', diz Lula sobre morte de Navalny

Do UOL, em São Paulo

18/02/2024 08h01Atualizada em 19/02/2024 09h56

O presidente Lula evitou apontar culpados para a morte do opositor de Putin, Alexei Navalny, na prisão.

O que aconteceu

"Não sei se ele estava doente". O presidente defendeu que é errado fazer um pré-julgamento sobre o que ocorreu antes de ouvir a palavra de legistas.

Lula disse "compreender os interesses de quem acusa". Ele afirmou, porém, que esse "não é o mote" dele e comparou tais acusações a uma "banalização" do assunto.

Ele também disse que não apontar culpados para a morte, como fizeram os EUA, é uma questão de "bom senso". "Se a morte está sob suspeita, temos que, primeiro fazer uma investigação e saber como o cidadão morreu", afirmou.

Lula também citou a morte da vereadora Marielle ao afirmar a necessidade de paciência para descobrir mandantes de crimes. "Você sabe há quantos anos esperamos o mandante do crime da Marielle? Seis. Não estou com pressa de dizer quem foi que matou, quero achar. Quando eu achar eu vou dizer que foi fulano de tal".

Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer que 'o cara morreu disso e daquilo' para você poder fazer um pré-julgamento. Se não, você julga agora que foi num sei quem que mandou matar e não foi. Depois você vai pedir desculpas? Para que essa de acusar alguém?
Presidente Lula, em visita à Etiópia

Morte de Navalny

O opositor de Putin estava preso sob acusação de "extremismo" no distrito autônomo de Yamal-Nenets. A informação da morte foi confirmada na manhã de sexta-feira (16). "O preso A.A.Navalny sentiu-se mal depois de uma caminhada e quase imediatamente perdeu a consciência na colônia correcional nº 3, em 16 de fevereiro", informaram as autoridades russas, em nota encaminhada à imprensa.

Ele cumpria sentença de 19 anos. Navalny estava detido na colônia penal de Kharp, uma prisão próxima do Círculo Polar Ártico, onde as temperaturas podem chegar à -30 °C. Conhecida como "Lobo Polar", o local é considerado um dos mais duros na Rússia.

Há quatro anos, Navalny foi envenenado com um agente nervoso do grupo Novichok, considerado uma arma química. Ele ficou internado em um hospital em Berlim por um mês. A substância foi confirmada por laboratórios da Alemanha, França e Suécia. O governo russo negou qualquer envolvimento.

Família pede liberação de corpo

A mãe de Navalny foi informada da causa da morte por funcionários da prisão. A informação foi divulgada no X, antigo Twitter, pelo diretor da Fundação Anticorrupção de Alexei Navalny, Ivan Jdanov.

"Ao mesmo tempo, quando o advogado e a mãe de Alexei chegaram à colônia esta manhã, foram informados de que a causa da morte de Navalny foi a síndrome da morte súbita", publicou.

Advogados de Navalny foram informados que "nada criminoso" foi apurado. No entanto, a versão é contestada porque acreditam em assassinato.

Necrotério fechado. A porta-voz de Navalny, Kira Yarmish, exige que o corpo seja entregue para a família enquanto, segundo ela, o Comitê de Investigação afirma que o corpo só será liberado após a conclusão da investigação.

"Os resultados supostamente estarão disponíveis na próxima semana. É óbvio que eles estão mentindo e fazendo tudo o que podem para evitar a entrega do corpo", disse.

Há apenas uma hora, os advogados foram informados de que a investigação havia sido concluída e que nada de criminoso havia sido apurado. Eles literalmente mentem todas as vezes, nos conduzindo em círculos e encobrindo seus rastros.
Kira Yarmish, porta-voz de Alexei Navalny

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